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Entenda o porquê

Protocolo contra Covid-19 amplia desigualdade entre escolas públicas e particulares

Folhapress/Laura Mattos
11 ago 2021 às 17:21
- Reprodução/Pixabay
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O que a escola deve fazer quando o teste para Covid de um estudante der positivo? Enquanto o protocolo do governo de São Paulo determina para a rede pública a suspensão por 14 dias da turma que teve contato com o contaminado, consultorias médicas orientam escolas particulares a autorizar a retomada dos colegas antes, com teste negativo, ou até que só se determine a suspensão dos outros alunos se houver um segundo caso.


Os diferentes protocolos se somam ao fosso de desigualdade ampliado na pandemia entre escolas públicas e privadas. Nas particulares, em que há mais estrutura para o controle de casos e famílias com acesso a testes, os alunos têm uma chance maior de permanecer com aulas presenciais. A discussão torna-se ainda mais relevante neste segundo semestre, em que o governo paulista permitiu a presença de 100% dos alunos nas escolas, e os casos de Covid dentre as turmas tendem a ser mais frequentes.

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Escolas particulares têm dúvidas sobre a obrigatoriedade ou não de se seguir o protocolo do governo de afastamento por 14 dias. A Secretaria de Educação afirmou à Folha que a resolução é dirigida à rede estadual e que os colégios privados podem opcionalmente utilizar o mesmo critério ou definir outras maneiras de controle.

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O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo, com a consultoria de médicos, orienta que as escolas suspendam a turma com um caso de Covid e libere a volta dos alunos que apresentarem teste negativo. Segundo o presidente da entidade, Benjamin Ribeiro da Silva, o tempo de suspensão não é determinado, depende do prazo seguro para a realização do teste em cada uma das situações.

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Em geral, realiza-se o teste de pessoas assintomáticas de cinco a sete dias após o último contato com uma pessoa infectada. Dessa forma, a depender de quando o aluno com Covid é afastado, seus colegas podem perdem apenas três dias de aula presencial, se o final de semana estiver dentro desse período de cinco dias.


O epidemiologista Wanderson Oliveira, membro da comissão de saúde da Secretaria de Educação de São Paulo, afirmou à Folha de S.Paulo que acha viável esse retorno antecipado com teste negativo e que o protocolo oficial está mais voltado à realidade das escolas públicas, com menor acesso à testagem.

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O governo paulista anunciou na semana passada a compra de um milhão de testes e afirma que está em andamento um processo de aquisição de mais 3 milhões para a área da educação. "Essa é a tendência internacional, mais testagem para que se possa garantir mais rapidamente e com segurança uma retomada à normalidade. Temos que estimular a volta às aulas presenciais, os estudantes já foram muito prejudicados", diz.


Segundo o epidemiologista, é possível que o protocolo oficial seja flexibilizado para que os alunos percam o mínimo possível de aulas. "O momento da pandemia permite isso, da mesma forma que, se a situação piorar, teremos que recuar", afirmou.

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A consultoria para escolas do hospital Sírio Libanês, segundo a infectologista Carla Kobayashi, orienta que, se o aluno contaminado for do ensino fundamental ou do médio, sua turma pode ser mantida em aula presencial, com monitoramento, e que o afastamento só precisa ocorrer se houver um segundo caso. No infantil, em que é mais difícil controlar o contato dos alunos, deve haver a suspensão da turma por dez dias.


"Os casos são analisados individualmente. No fundamental e no médio, a depender da situação, se já houver algum indício de sintoma ou presença do vírus na família de alunos, podemos orientar o afastamento no primeiro caso", diz a infectologista.

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Para as escolas com consultoria do Albert Einstein, a orientação se equipara à do protocolo do governo, com afastamento de 14 dias. De acordo com Cléber de Moraes Motta, consultor médico de projetos em saúde do Einstein, o monitoramento dos colégios se tornou mais rígido com a presença de 100% dos alunos e, recentemente, a suspensão para turmas com caso de Covid, que antes durava 10 dias, passou a 14.


Mesmo dentre as escolas que tenham a mesma consultoria médica, os critérios podem variar. Na Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares), que reúne colégios paulistanos de elite como o Bandeirantes, o Santa Cruz e o Pentágono, também não há consenso sobre o afastamento da turma, que pode durar 10 ou 14 dias, segundo o diretor da entidade, Arthur Fonseca Filho.

As escolas, segundo ele, aguardam as novas orientações do governo para definir seus procedimentos. A comissão médica da Secretaria de Saúde deve se reunir nos próximos dias para discutir os protocolos.


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