"O luto é um processo natural, que acontece quando ocorre a perda de alguém ou de algo de muito valor e estima para o indivíduo. O luto pode ser vivido no momento da perda ou de maneira antecipada, quando há uma possibilidade de perda no futuro e, ainda, de uma forma tardia, quando o sofrimento surge meses depois de alguma perda significativa ter ocorrido”.
A definição para luto é das psicólogas Gabriela Sabino e Vanessa Ximenes, que atuam no Projeto Suporte Psicológico COVID 19, iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG), do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, do Centro de Ciências Biológicas (CCB); e da Residência em Psiquiatria. O projeto tem apoio da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Sociedade (PROEX).
As pessoas em luto por causa da pandemia de COVID-19, causada pelo novo coronavírus podem agendar atendimento pelo telefone (43) 99625- 5345. Além disso, informações do projeto estão disponíveis na página – @psicouel.covid – que pode ser acessada AQUI.
Leia mais:
Contestado estudo que popularizou hidroxicloroquina contra Covid é 'despublicado'
CNU divulga revisão das notas da prova discursiva e redação; saiba como consultar
Em Londrina, professores da rede municipal lançam livro sobre educação patrimonial nesta quinta
Movimento de pais tenta impedir armazenamento de celulares nas mochilas dos alunos
O luto envolve quatro etapas. A primeira é o entorpecimento ou choque, seguido de anseio e busca pela pessoa perdida. Na sequência está a fase de desorganização e desespero. Por último, a reorganização e recomeço. No entanto, as fases não são estanques. "Podem ocorrer simultaneamente e voltar a acontecer por diversas vezes durante todo o período do luto. Isso é, o processo de luto não é linear e sequencial”, apontam as psicólogas Gabriela Sabino e Vanessa Ximenes.
Conforme Gabriela Sabino e Vanessa Ximenes, durante a pandemia de COVID-19, a vivência do luto torna-se peculiar por causa de alguns aspectos como a morte ocorrida de maneira abrupta; as famílias são separadas do enfermo e, muitas vezes, ficam sem notícias e limitação ou ausência dos rituais de despedida – velório, enterro, missa e culto – por causa da transmissão do vírus. "Todas essas características tendem a agravar a condição emocional das pessoas”.
Conforme as profissionais, a psicologia se baseia em evidências científicas para contribuir com o bem-estar e a saúde emocional das pessoas. "A psicoterapia pode contribuir com questões relacionadas à pandemia e auxiliar na identificação de estratégias para lidar com o isolamento, o diagnóstico da doença, os sentimentos de ansiedade e tristeza, os cuidados com a família, a sobrecarga emocional e o impacto da ausência de uma pessoa importante”, destacam Gabriela Sabino e Vanessa Ximenes.
Reações – A psicóloga especialista em luto Nione Torres, que também integra o projeto Suporte Psicológico COVID-19, explica que vivenciar o luto é uma experiência ativa e cada pessoa vive o luto de modo único, apresentando reações emocionais e físicas que, apesar de desconfortáveis, são essenciais para o enfrentamento da situação. Ela cita sentimentos como tristeza, desespero, negação, raiva, culpa, alívio, saudade e choque.
Entre as reações físicas, as pessoas em luto podem apresentar agitação, dores, insônia, entorpecimento, perda de apetite, náusea, tensão muscular, problemas gastrointestinais, dores de cabeça e a sensação de pânico. Essas reações podem variar conforme a pessoa. "Durante esse processo, o apoio de familiares e amigos é fundamental para que a pessoa reencontre um sentido para viver”.