Uma das estratégias desenvolvidas por cientistas brasileiros no combate e no tratamento da Covid-19 é a Imunoterapia. A técnica tem sido estudada na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e é uma das 109 iniciativas financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no edital de Combate a Epidemias. A equipe é coordenada pela imunologista Cristina Bonorino, professora titular de Bioquímica na instituição.
O Laboratório de Imunoterapia da Universidade trabalha para descobrir e isolar os anticorpos naturais produzidos pelo ser humano para agir, de maneira ideal, contra a doença. A meta é clonar os genes codificadores dos anticorpos e produzi-los em escala comercial para serem utilizados como fármacos. "Todas as pessoas criam anticorpos de maneira natural para combater todo tipo de doenças. Estamos aplicando todo o conhecimento já acumulado para testar a eficácia deste tratamento em pacientes com coronavírus”, explica a pesquisadora.
A imunoterapia teve recentemente um grande avanço, gerando medicamentos poderosos para o tratamento oncológico, e arrebatando o Nobel de Medicina em 2018. De acordo com Bonorino, a técnica tem sido eficaz em pacientes com COVID-19, mas apenas quando o tratamento é aplicado no início da infecção. Ela destaca que estudos feitos em outros países mostram que a complexidade apresentada pelo vírus revela que a doença tem características e peculiaridades que precisam ser mais bem estudadas e aprofundadas, a fim de otimizar a terapia.
Atualmente, o mercado farmacêutico da imunoterapia gira em torno de US$80 bilhões por ano em todo o mundo. Os maiores laboratórios farmacêuticos estão investindo intensamente neste novo ramo. Nos Estados Unidos, onde as pesquisas estão mais avançadas, o órgão regulador da saúde Food and Drug Administration (FDA), já liberou a comercialização do primeiro remédio à base de imunoterapia para combater infeções por COVID-19. "Um grande desafio para o Brasil, neste momento, é montar uma estrutura laboratorial e de pesquisa em todo o país e, a seguir, mostrar, que a imunoterapia desenvolvida por pesquisadores brasileiros pode trazer solução definitiva para muitas doenças no futuro”, conclui a pesquisadora.
Programa Combate a Epidemias
É um conjunto de ações de apoio a projetos, pesquisas e formação de pessoal de alto nível para enfrentar a pandemia da COVID-19 e temas relacionados a endemias e epidemias, no âmbito dos programas de pós-graduação de mestrado e doutorado do País. O Programa está estruturado em duas dimensões: Ações Estratégicas Emergenciais Imediatas e Ações Estratégicas Emergenciais Induzidas em Áreas Específicas.
Em três editais, 109 projetos de pesquisa e formação de recursos humanos foram selecionados, com o envolvimento de mais de 1.300 pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras. As propostas selecionadas vão estudar temas relacionados a Epidemias, Fármacos e Imunologia e Telemedicina e Análise de dados Médicos.