Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Veja os dados do estudo da FGV

Licença para homem diminuiria abandono de carreira de mulheres após maternidade, diz economista

Folhapress
30 jul 2021 às 16:03

Compartilhar notícia

- Reprodução/Pixabay
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

A maternidade ainda é o principal motivo para o afastamento das mulheres do mercado de trabalho. A afirmação é da economista e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Cecilia Machado, em conversa com o professor da New York University Shanghai e Rodrigo Zeidan.


A entrevista integra a série Papel do Estado, do Um Brasil, iniciativa da FecomercioSP com a Columbia Global Centers e o Center on Global Economic Governance. Machado e Zeidan também são colunistas da Folha de S.Paulo.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


A pesquisadora estudou os efeitos de políticas públicas como a licença-maternidade e a licença parental, na qual o período pode ser dividido com o pai, em diversos países.

Leia mais:

Imagem de destaque
Sessenta formandos

Apucarana promove formatura de curso de formação em Libras

Imagem de destaque
12,8% não tem graduação

Um em 3 professores de escolas públicas não tem formação adequada

Imagem de destaque
Confira

Paranaprevidência publica edital de concurso para nível técnico e superior

Imagem de destaque
Pesquisa de três anos

Participação e notas de alunos de ensino médio integral no Enem são melhores, diz estudo


Estudo da FGV aponta que 40% das mulheres estão fora do mercado formal um ano após a licença -e Machado afirma que esse efeito se mantém mesmo cinco anos após o nascimento da criança.

Publicidade


A discriminação por gênero é uma norma cultural que reforça um estereótipo no mercado do trabalho, é muito difícil quebrar esse ciclo", afirmou.


Segundo a economista, a política pública pode induzir mudanças de comportamento para quebrar esse ciclo, e uma maneira de fazer isso é dar incentivos para que os homens também saiam de licença por períodos mais longos -atualmente, a licença-paternidade brasileira é de cinco dias.

Publicidade


"A partir do momento em que as firmas perceberem que os homens vão tirar essa licença, elas não vão ver mais o homem como muito diferente da mulher", disse. O modelo é adotado em alguns países europeus.


Ela avalia que a licença-maternidade no Brasil ainda é vista como direito da mulher, e não da família -e por isso se discute aumentar o período legal, hoje de quatro meses, em que a mãe pode se ausentar do trabalho com a chegada do filho.

Publicidade


Essa licença estendida, para Machado, funciona como um tapa-buraco por um período. Mas, uma vez que as mulheres continuam como principais cuidadoras, é difícil para elas voltarem ao mercado. Ao mesmo tempo, avalia, uma licença longa só para elas pode aumentar a resistência dos empregadores em contratá-las e promovê-las, piorando a desigualdade entre os gêneros.


"O que encontramos no Brasil é que a extensão da licença não aumenta a chance da mulher permanecer no mercado de trabalho", afirma.

Publicidade


Mas apenas transformar a licença-maternidade em uma parental (em que o período pode ser dividido com o pai) não é o suficiente, porque os homens podem não aderir à nova política. Segundo ela, é o que acontece nos Estados Unidos, por exemplo.


Outro ponto levantado pela economista é que, por ter as regras do mercado de trabalho muito rígidas, a licença-maternidade é uma dor de cabeça maior para as empresas brasileiras.

Publicidade


"Nos Estados Unidos, a licença-maternidade se aplica a empresas relativamente grandes, com mais de 50 trabalhadores, porque é preciso entender a perspectiva da firma", diz.


Segundo Machado, a facilidade que a empresa tem para contratar um funcionário substituto e poder dispensá-lo depois é o que faz com que a licença pese ou não nos custos do negócio.

Publicidade


A discussão sobre licença-maternidade, porém, não pode ser a única no país, se o objetivo for criar políticas públicas para ajudar as mulheres a se manterem no mercado de trabalho depois de terem filhos.


"Pela informalidade ser maior entre as mulheres, outras soluções para a questão da maternidade precisam ser pensadas no Brasil", afirma Machado, citando como exemplo creches públicas onde mães podem deixar as crianças durante o dia.


Qualidade do ensino superior e dificuldade de acesso atrapalham país Zeidan e Machado também conversaram sobre o acesso ao ensino superior no Brasil, os incentivos necessários para melhorar a educação no país e o sistema de cotas.


A economista aponta que, mesmo com programas que facilitam o acesso ao ensino superior, como o Sisu e as políticas de cotas -que na sua opinião têm sido bem-sucedidas-, só uma parcela pequena dos jovens conseguem acessar as universidades públicas.


"O problema-chave que temos que pensar é a evasão escolar que acontece nessa idade crucial em que os alunos estão fazendo a transição do ensino médio para o superior", diz.


Quem chega ao ensino superior também encontra um sistema educacional que Machado qualifica como "muito teórico, especializado e acadêmico". "O custo para se formar na universidade é alto, ela exige coisas que não são demandadas no mercado de trabalho", afirma.


A economista diz que é preciso uma discussão sobre o ensino oferecido, que deve ser mais dinâmico para corresponder às mudanças rápidas do mercado de trabalho, e também sobre a divisão entre sistemas públicos e privados de educação.


Para aumentar a oferta de ensino superior, Machado avalia que limitar o ensino público apenas para quem não tem condições de pagar por uma faculdade privada não é uma boa saída, já que esses estudantes perderiam o contato com pessoas de contextos socioeconômicos diferentes.

"O emprego que você arruma depois da faculdade depende da sua rede de contatos. Estar exposto a essa diversidade é muito importante", diz.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo