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Durante a ditadura

Exposição na UEL torna públicos documentos da CIA produzidos no Paraná

Redação Bonde com Agência UEL
11 ago 2022 às 14:23

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- Reprodução/O Perobal/UEL
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Com o objetivo de compreender como os agentes de informações brasileiros e representantes estadunidenses vigiaram, investigaram e colaboraram com o silenciamento de civis e religiosos que se opuseram à Ditadura Militar (1964-1985) no Paraná, um grupo de pesquisa está analisando cerca de sete mil documentos produzidos na sede de Curitiba do Serviço Nacional de Informações (SNI-PR). A partir desta quinta-feira (11), parte deste dossiê inédito também estará exposta na réplica da Igreja Matriz de Londrina, no Calçadão da UEL. A cerimônia de lançamento da exposição está marcada para às 20h desta quinta. Em um segundo momento, o grupo de pesquisa pretende disseminar o conteúdo em exposições itinerantes e em escolas da rede estadual localizadas em regiões periféricas. 


Contando com a exibição de um minidocumentário, de parte do cancioneiro de poetas brasileiros e com duas instalações artísticas, a exposição “Juventudes e Participação” faz um convite às comunidades interna e externa da UEL a refletirem sobre a repressão aos movimentos de defesa dos direitos humanos e estudantil, além de religiosos, no Norte do Paraná. Dentre os fatos mais conhecidos da época no estado está a ação policial-militar que ficou conhecida como Operação Marumbi, quando 115 pessoas foram investigadas, sendo 65 destas indiciadas. “O documentos evidenciam duas ondas repressivas no Paraná: uma que tem início já em 1964, que tem como foco Curitiba; e uma segunda, em 1974, no Norte do Paraná. O que pouco se discute é que Londrina se tornou um reduto da intelectualidade de esquerda de São Paulo e do Rio de Janeiro que não tinha dinheiro para ir ao Uruguai, Argentina e Europa. Por conta disso, temos um processo tardio de repressão”, explica José Neves Júnior, integrante do grupo de pesquisa que já havia se debruçado sobre parte da documentação quando da elaboração de sua tese de Doutorado em Ciências Sociais.  

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Além dos arquivos do SNI-PR, cuja sede em Curitiba também era responsável por produzir relatórios sobre civis de Santa Catarina, o dossiê conta com documentos desclassificados como sigilosos pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) e parte do conteúdo do projeto Opening the Archives. Estes foram trazidos ao Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica (NDPH) pela então docente do Departamento de História Miliandre Garcia de Souza. “Em 2015, ela estabeleceu convênio com o Arquivo Nacional e o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea (CPDoc), da Fundação Getúlio Vargas (RJ), para desenvolver a pesquisa com base nestes documentos do Serviço Nacional de Informações de vários estados do Brasil”, conta Neves Junior.

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Fabio Lanza explica que parte dos arquivos enviados pelo governo brasileiro aos Estados Unidos foi inicialmente tratada pelo pesquisador James Naylor Green, docente do Departamento de História da Brown University, após a colaboração do professor Sidney Munhoz, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). “Estes documentos da CIA, por exemplo, indicam enquanto os presidentes eram militares que eles tinham conhecimento da tortura e dos assassinatos que ocorriam dentro dos calabouços da ditadura militar administrados pelo estado brasileiro. Um documento está associado ao (governo Ernesto) Geisel e ao depois ao (governo João) Figueiredo e o reconhecimento público da morte de mais de 100 brasileiros por conta da tortura”, explica o docente Fábio Lanza. 

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Categorização


Embora já tenham sido digitalizados, os documentos ainda contam com a titulação em códigos, nos mesmos moldes utilizados pelo próprio Serviço Nacional de Informações, o que dificulta a realização de pesquisas temáticas. Este desafio vem sendo encarado por estudantes como a jovem Laura Nunes, do segundo ano de Ciências Sociais. “Separamos e organizamos quais temas analisaríamos porque são muitos arquivos em cada um deles. É preciso ler e separar se cada um deles se encaixa, por exemplo, no tema movimento estudantil”, explica. 

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Desta forma, o projeto de pesquisa pretende sistematizar o conteúdo a partir de eixos temáticos, criando e organizando em um catálogo as fontes de conteúdos. “É uma pesquisa para, pelo menos, 20 anos de fôlego”, comenta o coordenador do grupo de pesquisa, o docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Fabio Lanza. “Este projeto foi aprovado pelo edital universal do CNPQ de apoio à pesquisa no ano passado e pelo edital de pesquisa básica vinculado à Fundação Araucária. Como é uma pesquisa muito ampla, neste primeiro momento está organizado para que a pré-análise documental permita percebermos documentos afinados com alguns temas. Então, a primeira exposição audiovisual traz a temática da participação dos jovens e do movimento estudantil e como o movimento foi cerceado pelo estado brasileiro e seus representantes na UEL e no Paraná”, completa Lanza. 


Programada para às 20h desta quinta-feira, de forma presencial, a abertura da exposição “Juventudes e Participação: os documentos inéditos dos arquivos do SNI (PR) e desclassificados dos EUA/CIA” também vai ser transmitida ao vivo pelo canal do Youtube Práxis Itinerante UEL. O conteúdo permanecerá em exposição na réplica da Igreja Matriz de Londrina, no Campus da UEL, até o dia 2 de setembro.

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Proteção de dados


Embora os documentos sejam públicos, o grupo de pesquisa optou por ocultar alguns nomes e endereços durante a exposição. O objetivo é atender ao que prevê a Lei Geral de Proteção de Dados, no entanto, o intuito é também preservar as famílias. “Percebermos que têm famílias que participaram deste momento histórico. Nomes, lugares, alguns endereços que passamos pela frente todos os dias sem sabermos o que ocorreu. Saber que a história está tão perto é muito importante, muito tocante”, comenta a estudante do quinto semestre de Ciências Sociais e integrante do grupo Flávia Caron.


Até meados de agosto deste ano, o grupo avalia que apenas 15% do total foi analisado e categorizado. “O nome da Universidade, que antes era Fundação, aparece muito. Vimos a perseguição das famílias: tem nomes de professores, pais e filhos que eram perseguidos. Endereços, números onde eles moravam… Era uma perseguição sistematizada”, avalia Lívia Campanheli, graduanda em Ciências Sociais que integra o grupo.

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