Em Londrina, algumas das maiores instituições de ensino da cidade tiveram uma tarde movimentada neste domingo (5), primeiro dia de aplicação da edição 2023 do Enem ( Exame Nacional do Ensino Médio). Encravado entre as avenidas Juscelino Kubitschek e Higienópolis, na área central, o Colégio Estadual Vicente Rijo recebeu centenas de inscritos por mais um ano. Eles eram majoritariamente jovens fazendo sua “estreia” na prova.
Um deles foi E.S., 17 anos, que saiu de casa para tentar uma bolsa no curso de Ciência da Computação. Para o estudante, o tema abordado na redação não era exatamente o imaginado. Ele e os quase 4 milhões de inscritos em todo o país tiveram de escrever sobre os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Neste primeiro dia a abstenção foi de 28,1%, índice dentro do histórico do exame. Eram esperados 3,9 milhões de inscritos. No ano passado, a taxa de faltosos no primeiro dia foi de 28,3%, segundo dados consolidados pelo governo.
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Os dados foram divulgados em entrevista com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e pelo presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Manuel Palácios.
TEMA TENSO
Quanto ao tem da redação, estudantes se disseram surpresos. “Eu achei um pouco tenso. O tema que foi escolhido pegou geral [de surpresa], porque não é muito o tema que a gente espera do Enem, mas deu para fazer a prova certinho e dar uma entendida”, disse E.S. Além do texto dissertativo-argumentativo, o domingo foi reservado para 90 questões de Linguagens e Códigos e Ciências Humanas.
“Eu gostei do tema, mas não esperava”, comentou V.P., também debutando no exame aos 17 anos. “É um assunto que dá para falar, principalmente quando você é mulher”, comentou ela, que busca uma vaga em Serviço Social na UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Para o coordenador dos anos finais e do ensino médio do Colégio Marista de Londrina, Nilson Castilho, a redação surpreendeu pela especificidade, mas, por esse recorte ter conexão direta com demais contextos da atualidade, havia subsídios suficientes para construir um bom conteúdo.
“Ele foi bem específico, mas não é o tema impossível de ser trabalhado porque tem muitas coisas em torno dele. A gente havia falado sobre os desafios da maternidade com os alunos, sobre a falta de formalidade de algumas atuações em relação ao trabalho, outros assuntos trabalhados que poderiam ser facilmente aplicados a ele.”
Já as questões, conforme Castilho, não fugiram de temáticas rotineiramente tratadas em sala de aula. “Apareceu algo ali relacionado a Palestina, migração de judeus para o Brasil, que é um assunto que acabou casando com esse momento dos conflitos. Não necessariamente falando do conflito que está lá, mas trazendo um pouco da atualidade de maneira transversal”, exemplificou o representante do Marista.