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Coronavírus e escolas

Esforço no 2º semestre pode recuperar até 40% da perda de aprendizado na pandemia

Redação Bonde com Folhapress/Isabela Palhares
01 jun 2021 às 16:53

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- Reprodução/Pixabay
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Os estudantes que concluíram o 2º ano do ensino médio em 2020, quando ocorreu a suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia de Covid-19, podem ter chegado à próxima série com proficiência menor em matemática e português.
Com esforço para melhorar o ensino ofertado no 2º semestre de 2021, até 40% dessa perda de aprendizado pode ser recuperada.


O diagnóstico é do estudo "Perda de Aprendizagem na Pandemia", feito pelo Instituto Unibanco e pelo Insper. Os dados foram apresentados nesta terça (1º).

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Sem ações para mitigar os prejuízos educacionais sofridos por essa geração durante a pandemia, o estudo calcula que os jovens poderão ter perda de renda de R$ 430 mil ao longo da vida.

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Considerando os 35 milhões de alunos do ensino fundamental e médio do país, a perda de remuneração desses estudantes pode levar a um impacto de R$ 1,5 trilhão na economia do país.

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O estudo estimou o quanto os estudantes deixaram de aprender em 2020, quando a pandemia interrompeu o ano letivo nas escolas brasileiras. Na maioria das redes públicas do país, as aulas continuam ainda apenas a distância.


Diante da ausência de avaliações em larga escala para identificar o déficit, o estudo estimou a perda de aprendizagem em três cenários: com alta adesão ao ensino remoto, com baixa adesão e sem nenhuma estratégia a distância.

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Para as simulações, o economista Ricardo Paes de Barros, pesquisador do Insper, se baseou em estudo anterior que já havia calculado o "impacto do absenteísmo" na educação. Esse indicador identificou que, para cada dia de aula perdido, o estudante não só deixa de aprender o conteúdo daquele dia mas sofre também uma perda adicional equivalente a 1,55 dia de aula.


Por referência, foi considerado que um aluno brasileiro tipicamente aprende ao longo de todo o ensino médio 20 pontos a mais em português e 15 em matemática, em média, em relação à sua pontuação no ensino fundamental no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

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Assim, após um ano regular, sem interrupção anormal das aulas presenciais, os alunos chegariam ao 3º ano do ensino médio, em média, com proficiência de 269 pontos em português.


Com a interrupção das aulas presenciais com a pandemia, o primeiro cenário calcula que os alunos perderiam 3 pontos da proficiência esperada se tivessem recebido boas condições para se engajarem no ensino remoto, chegando a 266 pontos. Sem ações de apoio para um bom acompanhamento, a perda seria de 9 pontos (260).

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Caso nenhuma estratégia de ensino fosse garantida a esses alunos durante todo o ano, a perda seria de 12 pontos e eles chegariam a uma proficiência de 257. Ou seja, saberiam menos do que um ano antes, quando começaram o 2º ano do ensino médio, e tinham uma proficiência de 260.


"O ensino presencial é vital, mas não podemos ficar de braços atados enquanto isso. O ensino remoto é importante não apenas para o jovem manter o vínculo mas para evitar perdas e para que o aluno consiga avançar no aprendizado", diz Barros.

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Para o economista, em locais do país onde ainda não seja seguro retomar as atividades presenciais, intervenções para melhorar a oferta do ensino remoto podem reduzir os prejuízos.


Levantamento do jornal Folha de S.Paulo mostrou que 14 estados e o Distrito Federal ainda não retomaram as aulas presenciais nas escolas públicas. Os governadores tentam firmar um pacto nacional, com o compromisso de vacinar todos os profissionais da educação até julho, para a reabertura dos colégios em todo o país em agosto.

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Ainda que haja o esforço pela vacinação do grupo, o avanço do número de casos e novas variantes de Covid-19 são vistos como entrave para a retomada das aulas.


"É claro que a educação não pode atropelar a saúde. Se não for seguro, não deve haver o retorno. O que não podemos é achar que estamos de mãos atadas e só enfrentar o problema educacional ao fim da pandemia. É preciso agir agora. O ensino remoto, se bem pensado, evita perdas."


Para Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, as perdas provocadas pela pandemia são enormes, mas é possível reduzi-las se houve o empenho para colocar ações em prática no segundo semestre letivo de 2021, como a adoção do ensino híbrido e melhorando a eficácia das aulas remotas.

"Mesmo que as escolas reabram, provavelmente, os alunos não poderão voltar a frequentá-la 100% como antes. Vamos precisar de estratégias para garantir o ensino desses jovens em casa. Precisamos buscar a melhor forma de ensinar e identificar o que é mais importante para que ele aprenda", afirma.


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