"Como mãe, eu entendo que, quando temos um filho, imaginamos coisas, criamos uma expectativa. E, quando vem um diagnóstico diferente do que esperávamos, pode ser complicado. Mas a grande dica que eu posso dar é: ame o seu filho, independentemente do diagnóstico". Assim a empresária Gabrielle Hisnauer, mãe do Bernardo, que está no espectro do autismo, resume a importância de diagnosticar o TEA (Transtorno do Espectro Austista). "O diagnóstico não é o seu filho. Seu filho continua o mesmo, com o mesmo nome, gostos, manias, birras e abraços”, afirma.
Em 2007, a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu o dia 2 de abril como Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data chama a atenção para uma questão indispensável: a urgência de serem desmistificados os equívocos que ainda se perpetuam sobre o autismo. "Um erro terrível que muitas pessoas ainda cometem é achar que crianças com autismo não se importam com os outros ou que não têm sentimentos”, exemplifica a dona de casa Vanilsa Waltmann, mãe do Matheus, que está no espectro. Ela comenta que a dificuldade dos autistas com as nuances da comunicação é erroneamente confundida com insensibilidade. "Quando convivemos e permitimos a proximidade, percebemos que são pessoas fantásticas. Meu filho é um ser humano incrível, muito carinhoso, amoroso e inteligente, que adora conviver com as pessoas”, conta.
Márcia, que pediu para não ter seu nome verdadeiro identificado, e que também tem um filho com autismo, lembra que o quadro clínico varia muito. "Não há espaço para generalização. A intensidade das características e comorbidades associadas tem diferentes graus”, explica. "Incapacidade de aprendizado e má educação são algumas das impressões iniciais e equivocadas quando o assunto é autismo”, acrescenta.
Mas, afinal, o que é autismo?
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"O TEA é um distúrbio crônico do desenvolvimento infantil. Existem gradações de acometimento, que podem variar de leve a grave”, explica o psicólogo e mestre em análise do comportamento pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) Pedro Costa. "É caracterizado, principalmente, por modificações ou dificuldades na comunicação e nas interações sociais, comportamentos repetitivos e a presença de interesses fixos e de alta intensidade”, descreve.
Assim, por ter vários níveis, o diagnóstico do autismo não é tão simples. "É recomendado que os responsáveis busquem profissionais de diferentes áreas para que a avaliação seja mais ampla e completa o possível”, recomenda Costa. "O melhor é procurar psicólogos, psiquiatras, neurologistas, fonoaudiólogos, dentre outras áreas, caso julgue-se necessário. É importante também que haja interação dos profissionais durante as avaliações”, indica.
Para garantir que as crianças com autismo possam se desenvolver ao máximo de suas possibilidades e lhes assegurar uma melhor qualidade de vida, é fundamental buscar o diagnóstico e tratamentos o quanto antes. Costa aponta que os principais sintomas podem ser identificados antes dos três anos de idade. "Existem intervenções comportamentais intensivas que demonstram efeitos expressivos no desenvolvimento do repertório comprometido desde a década de 1980”, aponta o psicólogo.
Vanilsa Waltmann confirma a importância de várias abordagens para auxiliar o desenvolvimento das crianças com TEA. "Há outras terapias indicadas para cada caso, musicoterapia, equoterapia (método que utiliza cavalos), fisioterapia” exemplifica. "Além disso, muitas crianças com autismo também são alérgicas, inclusive com alergias alimentares, o que exige maiores cuidados”, menciona, confirmando a importância do diagnóstico nos primeiros anos de vida.
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.