O Brasil foi o segundo país que mais reduziu o investimento de recursos públicos em educação entre 2015 e 2021. Nesse período, o percentual dos gastos públicos relacionados à área passou de 11,2% para 10,6%.
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Os dados são do relatório Education at a Glance, produzido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e foram divulgados na manhã desta terça-feira (10). O documento analisa uma série de indicadores educacionais de 48 países.
Apenas a Argentina teve maior recuo de gastos públicos com educação, com uma redução de 5,2% do investimento. No Brasil, a queda de recursos para a área foi de 2,5%.
De todos os países analisados, apenas sete reduziram os valores de recursos públicos usados em educação. A maioria deles aumentou o investimento, ainda que possam ter diminuído o percentual de gastos públicos para a área em relação ao orçamento total.
Na média dos países membros da OCDE, o gasto público com educação cresceu 2% nesse período. Além do Brasil e Argentina, outros que tiveram redução foram México (-2,4%), Letônia (-1,7%), Canadá (-0,6%), Costa Rica (-0,3%) e Finlândia (-0,1%).
Além de ter diminuído o gasto na área, o Brasil segue como um dos países com o menor gasto por aluno na educação básica.
O Brasil investiu o equivalente a US$ 3.668 por aluno do ensino fundamental, em 2021 -o que leva em conta todos os investimentos públicos na educação pública, divididos pelo número de matrículas. Na média, os países da OCDE investem US$ 11.914 por aluno nessa etapa.
Apenas a Romênia (US$ 3.241), Turquia (US$ 3.133), África do Sul (US$ 2.888), México (US$ 2.808) e Peru (US$ 2.022) gastam por aluno menos do que o Brasil.
Entre os países que mais investem por aluno estão Luxemburgo (US$ 26.559), Suíça (US$19.679) e Noruega (US$ 17.779).
Os dados do relatório referem-se ao ano de 2021. O estudo mostra que o Brasil, no segundo ano de vigência da pandemia de Covid-19 e ainda com a maioria das escolas fechadas, seguiu o caminho inverso ao adotado pelos países ricos, que compõem a OCDE, em relação aos gastos com educação.
O relatório aponta para uma série de gargalos na educação brasileira. O país, por exemplo, aparece entre os oito últimos com menor percentual de crianças de 5 anos matriculadas na escola.
No Brasil, 90% da população dessa idade está matriculada. Entre os países da OCDE, a média é de 96%.
O relatório destaca ainda a quantidade de adultos brasileiros que estão em "considerável risco de pobreza e de falta de oportunidades de trabalho" por não ter escolarização completa.
Entre os países membros, o percentual de adultos entre 25 e 34 anos que não completaram o equivalente ao ensino médio caiu de 17% para 14%, entre 2016 e 2023. O Brasil também registrou queda desse contingente, mas ainda permanece muito acima da média da OCDE, com 27% dos adultos nessa situação -em 2016, eram 35%.
O Brasil também tem situação preocupante entre os jovens adultos, com idade entre 18 e 24 anos, que não conseguiram se manter na escola nem encontraram emprego. De 2016 a 2023, o percentual caiu de 29,4% para 24% no país. Ainda bastante acima da média da OCDE, que passou de 15,8% para 13,8%.