Arte e política serão os assuntos da mesa-redonda que será realizada nesta quarta-feira (21), na UEL (Universidade Estadual de Londrina). Com o título "Arte e política em tempos de intolerância", os participantes debatem com comunidade acadêmica e com a sociedade em geral manifestações artísticas que traçam desafios contemporâneos sobre a privação de liberdade e de expressão. O evento é de iniciativa do Departamento de História da UEL e abre o ano letivo do curso na instituição como forma de recepção aos calouros de 2018.
Para debater o tema, estarão presentes os professores da UEL Marcos Antônio Neves Soares (História), Agnaldo Moreira de Souza (Artes cênicas), Carla Delgado de Souza (Antropologia) e o doutorando em Comunicação da Unesp/Bauru, Muriel Emídio Pessoa do Amaral. "A intenção do evento é de abrir para o debate como expressões artísticas são silenciadas ou negligenciadas a favor de estruturas conservadoras em nome do poder", afirma o professor José Miguel Arias Neto, professor do Departamento de História e um dos organizadores do evento. "A intenção de silenciar determinadas manifestações artísticas tenta, na medida do possível, apresentar e legitimar uma faceta unilateral da história, abafando outras expressões que também contribuem para o debate político e auxilia na construção da história pela diversidade discursiva", completa o professor.
Como um dos exemplos, o professor lembra da perseguição na primeira metade do século XX proposta por regimes autoritários e totalitários, principalmente da Europa, sobre aquilo que seria a arte degenerada. De acordo Arias Neto, as manifestações que não estivessem no compasso da beleza clássica proposta na antiguidade grega e romana poderia ser considerada como sendo nociva e agressiva para o meio social, sendo assim, passível de ser combatida, aniquilada e destruída em nome da manutenção da ordem e da vigência do poder totalitário.
Vale lembrar artistas das estéticas de vanguarda daquele período tiveram suas obras destruídas pela intransigência de regimes fascistas.
Em manifestações mais recentes, obras que abordaram gênero e sexualidade sofreram represálias por serem consideradas inapropriadas para o espaço público. Isso aconteceu, por exemplo, com o cancelamento temporário da exposição "Queermuseu", organizado por um banco em Porto Alegre (RS) em que mostrava a diversidade sexual através da manifestação artística. De acordo com o grupo que pediu a intervenção judicial para a proibição da exposição, as obras fariam apologias à pedofilia, zoofilia e outros comportamentos que causassem repúdio social. Na mesma entoada, Londrina foi palco da intolerância na apresentação de Maikon K., durante a apresentação dele às margens do lago Igapó com parte integrante do Festival de Dança na cidade. Nu, ele realizava sua performance chamada "DNA de Dan" dentro de uma bolha plástica besuntado por um produto translúcido. Mesmo com as devidas sinalizações sobre o teor do espetáculo e com advertência de faixa etária, houve interferência policial e o artista teve que interromper a apresentação e saiu escondido do local.
"Essas manifestações evidenciam a incapacidade de refletir sobre a condição das artes no meio social e como os espaços de debates e diálogos são utilizados de maneira improdutiva", afirma Muriel Emídio Pessoa do Amaral, um dos participantes do evento. "Privar a expressão artística é fragilizar o debate político e a visibilidade de sujeitos que podem contribuir para discussões mais frutíferas", completa.
O evento é aberto ao público em geral e será realizado em dois momentos no dia 21 de março; às 8h30 e às 19h30. A entrada é gratuita.
Serviço:
Mesa-redonda: Arte e política em tempos de intolerância
Quando: quarta-feira (21)
Onde: Sala de eventos CCH-UEL
Entrada gratuita