Com a conclusão do trabalho de funilaria, jateamento e pintura, a restauração da locomotiva a vapor Baldwin 480 chega à etapa final, faltando apenas detalhes de acabamento como a colocação de madeira no teto e a pintura em tonalidade alumínio nas extremidades da máquina, conforme o padrão original. A diretora do Museu Histórico de Londrina, Regina Alegro, juntamente com a diretoria da Secretaria Municipal de Cultura, fez uma vistoria nesta quinta-feira (30) para conferir o estágio do restauro. A máquina permanece no prédio do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC), na zona leste, mas deve ser transferida para o pátio do Museu Histórico ainda neste mês de fevereiro, onde ficará em exposição.
Segundo a diretora do Museu, a restauração continuará, mesmo após a transferência para o local definitivo, já que será necessário repor peças que faltam, como o sistema de tração e o apito, por exemplo. Ela estima que este trabalho poderá ainda durar alguns meses.
Ontem, o professor Marcos Bernardo de Lima, da Faculdade Técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o servidor Amauri Ramos da Silva, do Museu Histórico, estavam em Campinas (SP) visitando uma oficina que mantém um trem turístico. A composição inclui uma locomotiva Baldwin, considerada "prima" da que está sendo restaurada aqui em Londrina. O trabalho dos dois consiste em medições e fotografias, visando a reprodução exata de peças para o acabamento.
Segundo a diretora do Museu, o restauro chegando à etapa final, garante mais do que um impacto visual de uma peça de grandes proporções, que pesa aproximadamente 30 toneladas, mas representa a conservação de um acervo do patrimônio histórico nacional.
Para a secretária de Cultura, Solange Batigliana, a conclusão da restauração da máquina Baldwin deve ser comemorada porque a cidade, apesar de muito nova, já tem uma política de preservação de seu patrimônio. A lei 11.188, de 19 de abril de 2011, dispõe sobre a Preservação do Patrimônio Cultural do Município. A lei criou os processos de listagem de bens de interesse de preservação e o processo de tombamento municipal. A legislação também criou o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e o Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de Londrina.
"Isto significa que existe um esforço para preservar, um processo que vem se construindo", considerou a secretária. Já para a diretora de patrimônio histórico da Secretaria de Cultura, Vanda de Moraes, a importância em concluir a restauração da locomotiva marca a valorização de um tempo passado. Ela lembra que a ferrovia foi essencial para o desenvolvimento da cidade, uma lembrança presente em muitos londrinenses que vivenciaram aqueles tempos.
"Acho importante devolver este patrimônio afetivo da cidade. É a memória do espaço urbano, um quadro que se completará uma vez que a locomotiva permanecerá no Museu, a antiga estação ferroviária", definiu.
Histórico
A locomotiva a vapor Baldwin 480 está completando 104 anos de história e pertenceu à extinta Companhia Douradense de Estradas de Ferro (CDEF). A máquina chegou a Londrina em 1999, como patrimônio histórico, sendo cedida à UEL. Em 2009 ela foi transferida do Campus Universitário para o IBC, com o objetivo de ser restaurada.
O convênio que prevê a recuperação da locomotiva foi assinado em novembro passado entre UEL e a Prefeitura de Londrina. Os recursos foram repassados à Universidade pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).
Pelo projeto caberá aos estudantes do Senai refazer o desenho técnico, medidas, descrição de peças danificadas, buscando total fidelidade na restauração. Além da Secretaria de Cultura do Município também são parceiros no projeto a Associação de Amigos do Museu (ASAM), o projeto UnE Design da Unopar, o Senai e o Departamento de História, do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH), da UEL.