Para garantir maior acesso aos planos de saúde, as operadoras devem rever os modelos de assistência, pensando no melhor cuidado para o paciente. Assim, é possível saber como gastar melhor os recursos.
Isso é o que defende Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, que representa 15 grupos de operadoras e seguros privados. Ela foi uma das participantes da 4ª edição do Seminário Saúde Suplementar, promovido pelo jornal Folha de S.Paulo na última segunda (22).
Em abril deste ano, o número de beneficiários em planos privados superou a marca de 48 milhões, alcançando o maior patamar desde 2016, conforme dados da ANS (Agência Nacional de Saúde).
Valente diz que o setor não é concorrente do SUS e que ele serve para aliviar a demanda da rede pública. "A pandemia mostrou que é muito importante atuarmos de forma integrada [com o SUS]. Isso beneficia a todos."
Apesar do crescimento no número de usuários, os planos enfrentam desafios para lidar com os custos. Entre os motivos estão a mudança de perfil das doenças, o aumento do uso da tecnologia e maior longevidade da população.
Uma das alternativas é a gestão ativa de saúde, afirma Pablo Cesário, responsável pelo relacionamento com o Poder Executivo na CNI (Confederação Nacional da Indústria). Com o método, as operadoras traçam um perfil do cliente para agir de forma precoce em relação às doenças que ele possa desenvolver.
"Controle diabetes e pressão alta e 80% dos seus gastos serão minorados. A melhor forma de tratar a doença é não tê-las."
Para que isso se torne mais frequente, seria necessário promover uma ampliação nos sistemas de informação, de acordo com Francisco Vignoli, médico e sócio-diretor da consultoria B2 Saúde & Bem Estar. Segundo ele, as empresas precisam investir em transparência de dados.
Apostar no uso de dados é o que tem sido feito no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. A unidade Vergueiro, na zona sul da cidade, tem investido em um modelo de previsibilidade.
Os custos são pré-definidos pelo prestador e a operadora. Caso o valor de um procedimento seja maior do que o combinado, o hospital arca com o excesso. Mas, quando as despesas são menores, a unidade fica com a diferença.
José Marcelo de Oliveira, diretor-presidente do hospital, diz que foi criada uma integração das informações. Os dados do paciente formam um histórico, que pode ser usado sempre que necessário. Com isso, é possível estimar de forma mais precisa as despesas a serem gastas.
Iniciativas de clínicas e hospitais para diminuir custos devem ser reguladas, diz Cesário, da CNI. Assim, é preciso que haja transparência no uso de dados dos pacientes.
Modelos verticalizados, nos quais há investimento das operadoras em rede própria, também reduzem despesas. Entretanto, Valente diz que o usuário tem mais liberdade quando há mais opções para escolher, embora os dois sistemas sejam bons.
Patrocinado pela FenaSaúde, o webinário teve mediação da jornalista Claudia Collucci. Confira o conteúdo completo em folha.com/saudesuplementar.