O início do ano 5781 do calendário judaico trará uma novidade. Pela primeira vez no país, cerimônias de Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico, que tem início na próxima sexta-feira (18), serão exibidas ao vivo pela TV e internet. A transmissão, já adotada pelo judaísmo em outros países, adapta a celebração à pandemia da Covid-19.
De acordo com Ricardo Berkinensztat, presidente executivo da Federação Israelita de São Paulo, há 60 sinagogas no estado. As que farão a transmissão são as "mais liberais". A expectativa é que mais de 25 mil pessoas acompanhem a cerimônia.
"Já estamos tendo uma boa procura pelos links, então isso talvez seja algo que veio para ficar, independente da pandemia, porque alcança também pessoas mais idosas, enfermas e que não podem se locomover", diz Berkinensztat.
Leia mais:
Como enfrentar o estresse? Brasil está entre os 5 países mais afetados, diz relatório global
Posso doar meu cérebro? Como funciona banco que recebeu o de Maguila
Leilão dos Correios com fritadeira elétrica recebe lances até segunda (4); veja detalhes dos lotes
Primeiro dia de provas do Enem é neste domingo (3); veja horários e o que levar
Além de transmitir as celebrações pelo site cip.org.br/aovivo, a Congregação Israelita Paulista (CIP) irá difundir pela TV Aberta (canal 9 da Net e canal 8 da Vivo) as rezas de Ano-Novo e de Yom Kipur, o Dia do Perdão, que acontece dez dias depois.
A CIP já tem realizado outros serviços religiosos, inclusive a cerimônia do shabat, o dia do descanso, online. Segundo o rabino Michel Schlesinger, essas orações, que antes da pandemia tinham presença de cerca de 400 pessoas, agora alcançam 4.000.
"Aproximamo-nos da data mais importante do ano, mas ainda não existe segurança sanitária para colocar centenas de pessoas em um mesmo ambiente, por isso escolhemos celebrar da forma mais ética e judaica", afirma o rabino.
O dia do Yom Kipur traz ainda outra inovação para a comunidade em São Paulo: no Centro Cultural e Social Bnei Chalutzim, em Alphaville, a celebração acontece em um cinema drive-in. Lá, as famílias poderão acompanhar as rezas feitas por um cantor litúrgico e um coral.
Já as sinagogas ortodoxas terão cerimônias presenciais com número reduzido de pessoas, seguindo protocolos de segurança para minimizar o risco de transmissão. Segundo Berkinensztat, isso se dá porque, na interpretação desses judeus, a transmissão estaria ferindo o que determinam as escrituras sagradas.
As adaptações alcançam também o toque do shofar, instrumento feito de chifre de carneiro que faz um chamamento à reflexão durante a celebração do Ano-Novo. Neste ano, o instrumento será tocado em praças públicas para que mais pessoas possam escutar.
Na visão do rabino Michel Schlesinger, a celebração do Ano-Novo no contexto da pandemia ressalta o momento de reflexão da data.
"Estamos enfrentando um desafio gigantesco e precisamos trazer esperança e ajudar as pessoas a acreditar que o futuro pode ser bom. No ano que vem, com ou sem transmissão online, nossas sinagogas estarão abertas para que as pessoas possam celebrar e se abraçar."