O Atlas da Notícia, um levantamento anual sobre jornalismo local no Brasil, constatou em 2021 uma queda de 9,5% no que classifica como desertos de notícia, ou seja, municípios sem qualquer veículo informativo.
Agora são 2.968, 312 a menos do que no censo de 2020, mas ainda alcançando perto de metade dos municípios do país –e mantendo sem acesso a informação jornalística 29,3 milhões ou 13,8% dos brasileiros.
O resultado se deve principalmente ao maior número de veículos digitais, que superaram rádios e formam agora o maior dos quatro segmentos avaliados. Eles abrangem desde sites estabelecidos até blogs, podcasts, perfis de Facebook e Telegram, mas não YouTube –que está nos planos.
No ano passado, segundo o levantamento, havia 4.670 veículos digitais (sendo 2.791 blogs e páginas de mídia social), 4.597 rádios, 3.214 veículos impressos e 1.246 TVs.
"Isso não quer dizer, necessariamente, que estejam fazendo um bom jornalismo", adverte o jornalista Sérgio Spagnuolo, da agência Volt Data Lab, responsável pela análise de dados e mapeamento do Atlas.
É o segundo ano de redução dos "desertos" no Brasil. Em 2020, a queda havia sido de 5,9%, também com destaque para a ascensão de veículos digitais. Para Spagnuolo, é em parte efeito do maior tempo que as pessoas ficaram online, estimulando mais cobertura.
Desta vez, a ampliação no número de veículos se distribuiu por várias regiões –e também pelos segmentos, com o impresso, por exemplo, registrando maior número de veículos no Nordeste.
Realizado com a colaboração de 174 voluntários de 28 escolas de jornalismo, este é o quinto Atlas da Notícia, o terceiro com mesma metodologia, permitindo comparação. É realizado pelo Instituto para o Projor (Desenvolvimento do Jornalismo), com patrocínio da Meta, a holding do Facebook.