A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) lança nesta segunda-feira (29) o Guia de Cuidados e Higiene, com o objetivo de esclarecer as pessoas com relação a hábitos simples, mas sobre os quais há muitas dúvidas.
A publicação, que vai estar disponível gratuitamente no site da entidade, aponta os cuidados básicos e diários com a higiene corporal que podem evitar micoses e outras doenças contagiosas que afetam a pele, o cabelo e as unhas. O documento conta com linguagem acessível e didática e esclarecimentos sobre informações falsas e, por vezes, distorcidas, que são veiculadas em redes sociais. A SBD preparou ainda dois podcasts (conteúdos em áudio) com orientações sobre os problemas causados por fungos na forma de micoses que afetam pele e unhas, principalmente.
Maior órgão do corpo humano, a pele acaba suscetível a doenças, como infecções por fungos ou bactérias que, se não diagnosticadas e tratadas, podem se agravar e atingir órgãos internos. Neste contexto, a higiene é o melhor caminho para uma pele saudável, alerta a entidade.
Leia mais:
Paraná tem disputa por apoio de Ratinho Jr., Moro contestado e esquerda enfraquecida
Governo proíbe publicidade de apostas online para crianças e adolescentes
Endrick se surpreende ao saber que seu nome está na moda
Saúde do homem é tema de live com médicos londrinenses em novembro
Banhos
Para a coordenadora do Departamento de Micologia da SBD e autora do guia, Rosane Orofino, com a publicação, as pessoas vão saber, por exemplo, que tomar banho uma vez por dia é suficiente para a limpeza. “Pelo menos uma vez. Tem gente que não toma nenhuma”, adverte.
Orofino criticou ainda a mania de limpeza excessiva, que considera tão prejudicial como a falta de asseio. “A mensagem é essa: não exagere nem para um lado, nem para o outro. Lavar o rosto compulsivamente várias vezes ao dia, tomar banho três, quatro vezes ao dia, isso não faz bem. Não é benefício à pele nem à saúde.”
Em relação ao banho, a autora defende que o ideal é que seja com água morna, próxima de 37°C, a temperatura corporal, uma vez que banhos muito quentes ressecam a pele. Se a intenção for tomar uma ducha antes de sair para fazer exercícios, pode ter a temperatura de morna para fria. “Banhos mais frios podem ser tomados se a intenção é despertar o corpo para um exercício”, comentou.
Outra dica é secar bem as regiões da pele com dobras. De acordo com a médica, fungos e bactérias gostam de ambiente quente e úmido e, portanto, infecções de pele são tão frequentes em países de clima tropical e subtropical.
“A gente deve manter todas essas regiões de dobras bem arejadas. É por isso também que não se deve repetir uma meia, antes de lavá-la. Suas escamas estão naquela meia e você vai se reinfectar. As escamas são invisíveis. A gente troca a pele diariamente, só que a gente não vê. E os fungos ficam ali, vivos, vamos dizer assim, por muito tempo, porque a pele é uma comidinha para o fungo. A queratina, camada mais superficial da pele, é comida para o fungo. Esses são chamados de queratinofílicos, eles gostam de queratina. E a queratina tem no solo, na vegetação, na pele dos animais e na pele do ser humano. Os fungos se alimentam disso também”.
Ambientes coletivos
Os cuidados com a higiene evitam os problemas como micoses que, geralmente, vêm de ambientes coletivos. A médica citou vestiários, banheiros e piscinas públicas, em academias de ginástica em que a pessoa mistura escamas de sua pele, que são invisíveis, com as de outras pessoas que podem conter fungos ou bactérias. “O cuidado é importante. Não só os locais higienizarem os pisos, mas também a gente ter precaução.”
Próximo de piscina, deve-se usar chinelos de dedo. Se for fazer ginástica ou pilates, em academias, é recomendável usar proteção para o pé, seja tênis ou meia antiderrapante. Em cadeiras de piscinas, o ideal é que sejam higienizadas com frequência ou que a pessoa, na hora de deitar, estenda uma toalha para que seu corpo não tenha contato direto com aquele móvel. “A micose ou a sarna podem ser pegas em locais onde a pessoa fica muito tempo, sem proteção, com a pele em contato direto com esses locais”.
Atenção a colchonetes ou aparelhos em academias de ginástica ou musculação. “A pele úmida já tirou a barreira. A barreira física dela vai embora. Por isso, a gente usa creme hidratante depois do banho. Se a gente está suando em um lugar onde uma pessoa tem uma micose, deixou as escamas ali e a gente está atritando com uma pele úmida, é capaz de adquirir uma doença de pele. A solução é higienizar os aparelhos e colchonetes com hipoclorito, colocar uma toalha ou estar vestido. A roupa também protege”.
Roupas
Roupas íntimas, como calcinhas e cuecas, precisam ser lavadas diariamente. Deve-se trocar a roupa de cama ao menos uma vez por semana, já que as pessoas suam e têm uma flora de bactérias. As colchas podem ser mudadas em intervalos maiores, de três em três meses. Com relação aos travesseiros, a recomendação é que sejam utilizados protetores e que sejam lavados a cada três meses. O ideal, no entanto, é trocar os travesseiros a cada ano.
No caso de roupas, como blusas e camisas, usar uma vez e lavar. No caso de calças jeans, o correto é lavar com frequência. Em dias muito quentes, no verão, por exemplo, como a umidade e o calor são alimentos para bactérias e fungos, é melhor lavar a peça depois de usar devido ao suor.
Compartilhamento
Outro cuidado fundamental para a saúde da pele é não compartilhar toalhas e sabonetes em barra. Atenção: só é possível dividir produtos de higiene para o corpo quando não há contato direto da substância com as mãos, como em sabonetes líquidos ou em gel. Mesmo quando se trata de marido e mulher, esses itens não devem ser compartilhados. A especialista alerta que uma pessoa pode ter sarna e, se outra usar a mesma toalha, pode adquirir a doença infecciosa. O mesmo deve ser feito em relação a escovas de dente. “A regra básica é que objetos de uso pessoal não devem ser compartilhados com ninguém, nem com a pessoa que é íntima sua”, frisa a dermatologista.
Ainda falando de sabonetes, o guia da SBD destaca ser necessário cuidado com o tipo que é usado, porque o uso indiscriminado de produtos antissépticos provoca o ressecamento da pele e a remoção da camada protetora de gordura. Assim, artigos desse tipo só devem ser utilizados sob recomendação médica, de preferência do dermatologista, e usados durante um tempo específico. “Eles são remédios, não são só sabonetes”.
Calçados
Se forem laváveis podem ir na máquina de lavar ou ficar de molho em balde com água e sabão. Já os não laváveis devem ser deixados em área arejada por 24 horas. Se o usuário estiver tratando de micose nos pés ou nas unhas, o guia aconselha o uso de desinfetante em spray, deixando depois em área arejada por 24 horas antes do próximo uso. O ideal é usar tênis e calçados fechados com meias, que podem ser lavadas normalmente sem contaminar o calçado.
Remédios
O guia da SBD adverte que a automedicação precisa ser evitada. Nenhum remédio deve ser usado sem orientação médica. O uso de antifúngicos ou outros medicamentos sem ter um diagnóstico correto pode mascarar a doença de base, havendo também risco de desenvolver alergia ao medicamento.
A recomendação geral é que, quando surgirem irritações, incômodos ou coceiras, entre outros sintomas, a pessoa deve se consultar com um médico dermatologista o mais rápido possível. Essa ação proporcionará o melhor diagnóstico e o tratamento imediato, destacou o presidente da SBD, Mauro Enokihara.