Empresas de bem-estar corporativo que conseguiram se adaptar rapidamente ao mundo digital experimentaram um crescimento acelerado na pandemia, em razão da adoção forçada e prolongada do home office.
Fundador da Yoga nas Empresas, o administrador Ricardo Carneiro, 40, sofreu um baque assim que a quarentena começou: muitos contratos foram suspensos e o faturamento caiu 60%.
Aos poucos, acordos foram retomados com a oferta de aulas de ioga online e novos foram conquistados. Hoje, o negócio já fatura 50% mais do que no período pré-pandemia.
Leia mais:
Pantone declara 'Mocha Mousse', marrom suave e evocativo, como a cor do ano 2025
Bolsonaro é plano A, posso ser o plano B, diz Eduardo sobre eleição de 2026
Mais de 130 mil cartas do Papai Noel dos Correios estão disponíveis para adoção
Como Ana Claudia Quintana Arantes virou fenômeno ensinando sobre a morte
"Os gestores perceberam que os colaboradores estão com nível de estresse alto, cuidando da casa, dos filhos e sem interação social. Sem falar nos infectados pela Covid, que precisam fazer exercícios respiratórios para recuperar a capacidade pulmonar", diz.
Há dois formatos de aula que podem ser contratados: o gravado e o ao vivo, com transmissão pelo Instagram. A rede Leroy Merlin, por exemplo, pediu à companhia uma agenda de lives semanais, aberta aos 10 mil funcionários.
"Pudemos alcançar não somente o colaborador, mas seus dependentes", conta Monique Lima, analista de benefícios da empresa.
Priorizar o mercado corporativo, segundo Ricardo, é vantajoso. Ele cobra R$ 280 pela sessão de 20 minutos e assina contratos mais longos, de até um ano. O preço é o mesmo para aulas remotas e presenciais –o formato online dispensa deslocamento até os clientes, mas requer investimento em tecnologia.
Fundada em 2019, a MindSelf, que oferece programas de meditação e mindfulness (atenção plena), também experimentou crescimento durante a pandemia.
Segundo os fundadores, Alexandre Ayres, 51, e Wagner Lima, 47, o número de contratos pulou de 5 para 20, e o faturamento chegou a R$ 1 milhão, um aumento de 400%.
A agilidade da migração para o digital, eles dizem, foi fundamental. Palestras sobre os benefícios da meditação, workshops para lideranças e sessões de diferentes técnicas meditativas passaram a ser transmitidas em lives.
A dupla também acaba de lançar um aplicativo com sessões guiadas de meditação, cujo acesso é permitido apenas aos funcionários das empresas clientes.
"É um hábito que melhora a concentração, estimula a criatividade, aprimora o processo de tomada de decisão e, consequentemente, gera reflexos nos resultados da empresa", diz Alexandre Ayres.
O grande desafio para negócios do ramo é falar a mesma língua do mercado corporativo, de acordo com a consultora de marketing do Sebrae-SP Caroline Minucci.
"Muitos deles quebraram porque não conseguiram se adequar ao universo online e continuaram apegados ao contato olho no olho. É um setor que exige objetividade e agilidade", afirma.