O número de mulheres diagnosticadas com depressão pós-parto no Brasil aumentou durante a pandemia da Covid-19. Estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) identificou que 38,8% das puérperas apresentaram o problema de saúde. O percentual é superior ao apontado em pesquisas realizadas no período pré-pandemia, quando a incidência era em torno de 20%.
Segundo o estudo, as entrevistadas associaram o quadro depressivo a questões como a preocupação com a escassez de leitos hospitalares, as informações recebidas sobre a Covid-19, o período de isolamento, a ansiedade, a ausência do parceiro e as brigas em casa. Na avaliação da FMUSP, o estudo revela uma vertente dos impactos da pandemia na sociedade brasileira, que merece a atenção das autoridades de saúde.
A depressão pós-parto requer um tratamento multidisciplinar, envolvendo profissionais das áreas de obstetrícia, psicologia e psiquiatria. Com a assistência e o acolhimento necessários, é possível superá-la. Para isso, as autoridades de saúde recomendam atenção aos sintomas e, em caso de suspeita, buscar ajuda profissional.
Leia mais:
Maioria dos brasileiros diz acreditar que Justiça trata melhor ricos e brancos, aponta Datafolha
Maiores descontos da Black Friday começam às 22h desta quinta-feira
6 em cada 10 conhecem ao menos uma mulher ameaçada de morte pelo parceiro
Prazo para clientes da 123milhas recuperarem valores acaba nesta terça
Definição e fatores de risco
O Ministério da Saúde define a depressão pós-parto como “uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança” que acomete as mulheres após o nascimento do bebê. O problema afeta a saúde física e mental da puérpera e, também, o desenvolvimento da criança, tendo em vista que prejudica o vínculo entre a mãe e o recém-nascido.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, há fatores que são considerados de risco e podem contribuir para o diagnóstico, como alimentação inadequada; sedentarismo; privação do sono; isolamento; falta de apoio da família e/ou do parceiro; histórico de depressão, ansiedade, estresse ou outro transtorno mental; limitações físicas durante a gestação ou após o parto; quadro de desordem disfórica menstrual; vício em drogas; e violência doméstica.
Como identificar
Familiares e pessoas próximas à mãe e ao bebê devem ficar atentos aos sintomas que podem sinalizar a depressão pós-parto. A apatia, que é a perda de interesse ou prazer na realização de atividades, é um dos principais sinais.
A perda ou o ganho de peso, dormir muito ou ter insônia, a dificuldade de concentração, a preocupação excessiva, a inquietação, os sentimentos de culpa ou indignação, pensamentos suicidas e vontade súbita de prejudicar o bebê são outros sintomas que podem surgir isoladamente ou de forma associada.
As autoridades de saúde recomendam que as consultas com o médico obstetra não sejam direcionadas de forma exclusiva ao bebê, mas também um momento para avaliar as condições de saúde da mulher. Por isso, em caso de sintomas de depressão, é necessário relatar ao profissional. Ele irá orientar sobre o tratamento adequado.
Como tratar
A depressão pós-parto tem cura. O tratamento é realizado de acordo com o quadro apresentado pela paciente. Por isso, as autoridades de saúde aconselham a busca por ajuda profissional assim que os primeiros sinais forem notados, a fim de evitar complicações e a evolução da doença.
Além da psicoterapia, podem ser indicadas medicações para tratar os sintomas específicos de cada mulher. Também costumam ser recomendados exercícios para o fortalecimento do vínculo entre a mãe e o bebê.