Cidades inteligentes (smart cities) é uma palavra recorrente atualmente. Assim como também é comum falar em Internet das Coisas (Internet of Things) ou ainda Cidades 5.0 (referência às versões de programa de computador que vão aumentando e melhorando). Em todas elas prevalece o entendimento de que a conexão é peça-chave para a inovação e o futuro.
Conexão ganhou grande impulso neste século XXI com a expansão da computação e da internet. As redes sociais, os aplicativos de troca de mensagens, as plataformas de vídeos em nuvem, os motores de busca e os centros virtuais de compra e comparação de preços (marketplace) são a expressão mais forte de que ligar pessoas, organizações e entidades representam as novas relações sociais. Muitos teóricos já trataram disso com bastante propriedade, desde Philip Kotler com Marketing 3.0 e 4.0 até Henry Jenkins com Cultura da Conexão.
O Tecnocentro, previsto para ser inaugurado no segundo semestre deste ano, deve elevar Londrina a outro patamar porque possibilitará a conexão de diversas entidades em prol da inovação. No Brasil, as capitais são protagonistas nesse quesito: São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Florianópolis são alguns exemplos. No interior, destacam-se Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP), São Carlos (SP) e Santa Rita do Sapucaí (MG).
Na maior parte das vezes, os polos de inovação são capitaneados por universidades públicas e/ou associações, como em Campinas (Unicamp), Belo Horizonte (UFMG), Ribeirão Preto (USP), Recife (Cesar/UFPE) e Florianópolis (Acate/UFSC), ou entidades privadas, como São Paulo, São Carlos e Santa Rita do Sapucaí. Estas duas últimas cidades chamam a atenção porque são municípios de médio porte, mas com um ecossistema de inovação muito forte, nos quais a presença de universidades públicas é marcante, porém a iniciativa privada também aporta recursos.
Neste sentido destaca-se o papel de entidades como o Sebrae ao contribuir na atração de empresas e ainda realizar capacitação com foco em empresas. "Tratamos também do empreendedor”, como faz questão de ressaltar Fabrício Bianchi, gerente do Sebrae Regional do Norte. Ele lembra que "existem iniciativas fantásticas de inovação acontecendo em Londrina, mas não em um local único, canalizando as energias”. Essas palavras lembram dos princípios do Modelo Triplo Hélice, quando tratamos aqui nesta coluna da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap).
O Sebrae também colaborou, em 2017, para elaboração do planejamento estratégico do ecossistema de inovação de Londrina, que estipulou três frentes de trabalho: a criação de governanças para integração entre setores com maior potencial de inovação; reduzir a distância entre startups e empresas que precisam de inovação; e um centro de inovação que agregue as forças na cidade, papel a ser exercido pelo Tecnocentro.
Conexão é um dos fatores que mais pesam para o desenvolvimento de inovação porque os processos abertos são os mais promissores, independente do local, da economia e da tecnologia utilizada. É a inovação aberta (open innovation) que possibilitará às pessoas e instituições conectar forças para uma cidade mais inovadora e inteligente ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de "Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.
*A opinião do colunista não reflete necessariamente a opinião do jornal