As temperaturas altas que o país tem registrado e o ar mais seco em diversas regiões nos últimos dias devem permanecer até meados de outubro. A atual onda de calor traz um incômodo extra: as máscaras faciais, obrigatórias em espaços públicos e necessárias para barrar a transmissão da Covid-19, doença causada pelo vírus Sars-Cov-2.
Nos últimos meses as evidências científicas de que as máscaras oferecem proteção contra o novo coronavírus têm aumentado significativamente. Em artigo divulgado em julho na revista científica Emerging Infectious Diseases, publicada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), pesquisadores afirmam que as máscaras de tecido caseiras dão alguma proteção respiratória, ainda que com performance inferior à de máscaras profissionais, usadas em ambiente hospitalar.
Em sua página de internet, o Ministério da Saúde recomenda uso de máscara em todos os ambientes como forma de barrar a saída de gotículas potencialmente contaminadas. O texto pede ainda que o uso da proteção facial seja estimulado.
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"Não é confortável usar a máscara, principalmente no calor. Mas não podemos abrir mão dela agora", afirma a infectologista Sumire Sakabe, do Hospital 9 de Julho. Segundo ela, a escolha do tecido é importante. Alguns tecidos, como algodão, podem ficar mais confortáveis no rosto do que outros, sintéticos, que aumentam a sensação de calor.
A troca de máscara e a higienização da proteção devem ser mais frequentes, acrescenta João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. O suor e o contato com a água em banhos de piscina ou mar podem umedecer a máscara e assim reduzir a capacidade de filtrar as partículas através dos fios do tecido, explica o médico.
Em artigo publicado em 2013 sobre o potencial de proteção das máscaras de tecido no periódico científico International Journal of Infection Control, os pesquisadores relataram que as proteções molhadas apresentam capacidade de filtragem menor do que a de máscaras secas.
"É preciso lembrar de levar várias máscaras para todos os lugares porque teremos de fazer mais trocas durante o dia", afirma Prats. A recomendação do infectologista é que seja reservado um compartimento só para as máscaras usadas, seja na bolsa, mochila ou no carro.
"Sempre que tocar esse local as mãos devem ser higienizadas."
O médico não recomenda o uso das máscaras do tipo N95 para os dias mais quentes. O equipamento voltado para uso de profissionais da área da saúde pode aumentar o desconforto e machucar o rosto quando usado por muito tempo.
Especialistas recomendam que as máscaras sejam feitas com pelo menos duas ou três camadas de tecido fino. "As máscaras de tecido não têm padronização, mas não precisam ser tão grossas a ponto de dificultar a respiração", alerta Prats.
As mãos devem ser limpas antes e depois de tocar as máscaras. A higienização com álcool em gel deve ser feita com as mãos livres de partículas -como areia e terra- ou suor. Em outras condições, o recomendado é lavar as mãos com água e sabão, explica o infectologista.
Sakabe, do Hopital 9 de Julho, recomenda ainda intensificar a higiene do rosto, pois problemas como dermatite e acne podem ser agravados com o calor e o uso das máscaras.
Atividades ao ar livre e deixar as janelas mais abertas para permitir maior circulação do ar também aliviam o desconforto, diz a médica.
A medição de temperatura feita para dar acesso a lugares como shoppings e restaurantes não deve ser prejudicada pelo calor excessivo. Mas Prats recomenda fazer a medição sobre a pele seca, livre de suor, para que a aferição não seja distorcida.