A trombose é uma patologia comum entre as mulheres gestantes, com incidência, cinco a seis vezes, maior do que nas mulheres que não estão no período gestacional. No entanto, se esse número já é significativo durante a gestação, no pós-parto as chances de trombose venosa podem ser até cinco vezes maiores. O problema, quando não detectado a tempo, e adequadamente tratado, pode evoluir para uma embolia pulmonar, quadro grave que corresponde a 10% das mortes de mães após o nascimento do bebê.
De acordo com a cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Dra. Bruna Naves Vaz de Oliveira, são diversos os fatores que levam uma mulher a desenvolver coágulos sanguíneos (trombos) durante o puerpério, período de seis a oito semanas após o parto, em que a mulher passa por um processo de recuperação. Três desses motivos são os mais frequentes: a dificuldade de retorno do sangue das pernas para o coração, a lesão ou inflamação dos vasos sanguíneos e a hipercoagulabilidade típica do período (aumento da capacidade de formação de coágulos no sangue). "No puerpério, todas essas condições estão presentes, especialmente após a cesárea ou se o parto for prematuro. Além disso, sabe-se que esse risco é ainda mais alto em mulheres que fumam, têm mais de 35 anos de idade, são obesas ou negras”, explica a cirurgiã vascular.
Inchaço em uma das pernas, dor e enrijecimento da musculatura da panturrilha, que podem levar à dificuldade de andar, são os principais sintomas da trombose, que as mães precisam observar. Porém, Dra. Bruna alerta que as mulheres também devem ficar atentas à presença de dores no peito e falta de ar súbita, que podem ser sinais da embolia pulmonar. "O quadro de embolia pulmonar ocorre quando um coágulo formado nos vasos sanguíneos em um local mais distante se desprende, em geral proveniente dos vasos das pernas, e vai para os vasos do pulmão, o que é grave e pode ser fatal em até 20% dos casos”, explica.
Hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, boa hidratação (com o consumo mínimo de dois litros de água por dia), práticas regulares de exercícios físicos de leve a moderada intensidade, com a movimentação das panturrilhas, evitar situações de imobilização prolongada (passar longos períodos sentada ou de pé parada) e o tabagismo – hábito expressamente proibido durante a gestação–, ajudam a prevenir a trombose e proporcionam mais saúde tanto para a mãe, quanto para o bebê.
Além do mais, a especialista indica que durante e após a gestação, a mulher mantenha o hábito de se deitar com as pernas elevadas entre 20 a 30 minutos por dia, para ajudar no retorno do sangue ao coração, e que também faça um acompanhamento com um angiologista ou cirurgião vascular, se possível, para que sejam indicadas as medidas cabíveis de prevenção, que podem incluir uso da meia de compressão e, em alguns casos, de medicamentos anticoagulantes.
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