Estudos recentes revelam que a prática de exercícios físicos no período gestacional ainda causam controvérsia entre as mulheres. É possível constatar que 21,5% das irlandesas estão envolvidas com atividades durante esse período, já nos Estados Unidos o percentual é de 15,8% e, no Brasil, os números chamam a atenção, já que apenas 4,7% das mulheres grávidas são ativas. Existem casos em que atividade física pode não ser indicada e requer acompanhamento específico.
O fisiologista e personal trainer Ricardo Aguas lembra que existem situações em que a contraindicação ainda é absoluta por se relacionar a riscos para a futura mãe e também para a criança "Cardiopatias, incompetência istimo-cervical, gestação múltipla após a trigésima semana, sangramento vaginal persistente, placenta prévia, trabalho de parto prematuro, ruptura de membranas, hipertensão arterial não controlada e pré-eclampsia são alguns dos casos que devem ser acompanhados por um obstetra antes de qualquer tipo de atividade física, mesmo que acompanhada. Nesse cenário é imprescindível que o educador físico esteja inteiramente alinhado com o médico para que não prejudique a gestação e venha a colocar em risco a vida da mãe, ou do bebê” comenta o especialista.
Segundo o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, as gestantes saudáveis devem ser encorajadas a realizar exercícios de intensidade leve e moderada de três a cinco vezes por semana.
Leia mais:
Mulheres não são governadas por hormônios, mas menopausa afeta o cérebro, diz pesquisadora
Entenda as diferenças entre perimenopausa e menopausa
Uma em cada quatro pessoas no Brasil conhece vítimas de violência doméstica, diz Datafolha
Mulheres lésbicas relatam negligência de médicos em atendimentos ginecológicos
"Quando a mulher grávida é liberada para os exercícios, podemos considerar todas as modalidades, como aeróbica (caminhadas, corridas, dança), de força (pilates e musculação) e alongamento e relaxamento (yoga). É importante que esteja monitorada por um profissional capacitado a fim de evitar problemas posturais ou de desconforto que são gerados nesse período, além de estar amparada para qualquer eventualidade”, afirma o Ricardo.
Uma revisão bibliográfica (Physical Exercise During Pregnancy, 2014) reforça que os benefícios de um programa de exercícios físicos orientado pode prevenir a incontinência urinária e a depressão pós-parto, além dos ganhos cardiovasculares e maior controle do peso corporal, sendo este um dos responsáveis pelo aumento de problemas posturais como lombo-pélvicas, um dos maiores causadores de dores lombares durante a gravidez.
O controle do sobrepeso e obesidade também são beneficiados pela pratica de exercícios. As gestantes que já apresentavam peso acima do recomendado e que participam de um programa de exercícios ganharam menos peso durante a gravidez em comparação a outras gestantes sedentárias. Esse controle também é fundamental para evitar o aparecimento de outras doenças, tal como a Diabetes Gestacional.
Aguas diz que a dica de ouro para que as gestantes mantenham o equilíbrio e conquistem força para compensar o ganho de peso causado pelo desenvolvimento do feto é o fortalecimento da musculatura do core. "Essa é a região composta pelos principais músculos que englobam a lombar, o abdômen, o oblíquo e o glúteo. Fortalecer essa área ajuda a estabilizar a bacia que será imprescindível durante o parto, evita a incontinência urinária, protege a coluna contra sobrecargas e alivia as dores lombares. Todos esses pontos fazem parte das principais queixas das grávidas e podem ser minimizados com exercícios específicos”, lembra o fisiologista e personal.
Nesse período é desaconselhável a prática de exercícios sem acompanhamento profissional, tendo em vista a saúde da gestante e também do desenvolvimento do feto. "As futuras mamães já contam com o peso do bebê que muda ao longo dos dias e o ponto de estabilidade precisa ser avaliado diariamente, para que o peso e a execução de cada exercício seja adaptado para as mudanças que elas passam”, conclui Águas.