Mulher

Desempregadas e empreendedoras: o caminho das mulheres para a conquista do próprio negócio

15 fev 2021 às 16:17

O empreendedorismo próprio foi uma das possibilidades de trabalho que milhares de brasileiros encontraram durante a pandemia para conter a crise econômica. Muitas vezes desempregados ou precisando aumentar a renda, a alternativa foi começar do zero em um empreendimento próprio, o que gerou bons resultados em um ano tão atípico. A diferença é que, de acordo com as últimas pesquisas, essa forma de obtenção de dinheiro foi mais robusta para os homens do que para as mulheres.

O desemprego foi recorde em 2020: 14,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso da classificação de gênero, o índice evidenciou a diferença: 12,8% para os homens e 16,8% entre as mulheres. Sendo assim, uma parte delas se dedicou a concursos públicos em todos os estados, com destaque para os concursos no RJ.


No entanto, a amostragem do número de desempregadas também revela que o empreendedorismo entre elas é uma alternativa válida e considerada, mas tem seu processo dificultado.


Dificuldades desde o início

Histórica e culturalmente, a trajetória das mulheres que são donas do próprio negócio é questionada com frequência. A educação que esse gênero recebe, de acordo com os ensinamentos constantes na sociedade brasileira, ensina um caminho recheado de dúvidas sobre o próprio potencial e o que podem ou não fazer. Como a própria sociedade apresenta em sua história cargos de empreendedorismo superiormente ocupados por homens, o espaço destinado a elas passa a ser restrito, difícil e questionado.


Uma pesquisa realizada pelo grupo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que um dos motivos para o empreendedorismo ser menos frequente entre as mulheres está na negociação com bancos: boa parte delas sente vergonha em solicitar empréstimos, fato que ocupa um dos primeiros passos no começo do próprio negócio.


Além da dificuldade financeira, há também a estabilidade do modelo patriarcal no Brasil, que deixa todo o processo do empreendimento mais complexo. Mesmo quando conseguem conversar com as instituições financeiras, muitas mulheres não recebem o crédito necessário por serem menos frequentes em negócios de risco – parte contribuinte do machismo estrutural dentro do mercado de trabalho.


Sororidade por meio das redes sociais

Apesar de toda a dificuldade, nota-se uma constante abertura de empreendedoras focadas no mercado de moda, seja para comercialização de peças ou para confecção. Mesmo para pequenos negócios, além de se sentirem mais seguras sobre o produto que fornecem, as mulheres também se destacam nas plataformas de divulgação, sobretudo nas redes sociais.


Boa parte das que começaram o próprio negócio durante a pandemia tiveram um imenso crescimento no mercado após a divulgação nos novos canais que bombaram no período de quarentena, como foi o caso da plataforma de vídeos Tik Tok. São comuns os vídeos de pequenas empreendedoras que anunciaram seus produtos na plataforma e conquistaram milhões de visualizações e curtidas, que resultaram em um aumento expressivo na porcentagem de vendas, sobretudo no mercado têxtil.

O mesmo não ocorreu com os homens e há um forte motivo: estima-se que hoje a rede social seja composta majoritariamente pelo público feminino, o que representa cerca de 70% dos usuários, de acordo com dados divulgados pela própria plataforma. Sendo assim, os vídeos constroem um perfil de consumidores também feminino, o que destaca o empreendedorismo feito e apoiado por mulheres.


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