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Aumento de busca por implantes de testosterona para mulheres preocupa médicos

Stephanie Suarez e Suzana Petropouleas - Folhapress
25 set 2021 às 16:55

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- Pixabay
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A procura por implantes que contêm testosterona e outros hormônios para mulheres tem preocupado associações médicas e especialistas.


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No último dia 8, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) emitiu nota contra o uso de implantes hormonais para contracepção e reposição hormonal não aprovados pela Anvisa. Segundo a entidade, faltam dados sobre eficácia e segurança para uso nesses contextos.

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O ginecologista Rogério Bonassi, da Comissão Nacional Especializada de Anticoncepção da Febrasgo, afirmou que a nota foi emitida em resposta ao grande número de dúvidas de ginecologistas sobre o respaldo científico para a prescrição dos dispositivos.

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A Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) também emitiu comunicados sobre os riscos da suplementação quando não há deficiência hormonal. A entidade também contraindica o uso para fins estéticos.


Segundo especialistas, a busca por emagrecimento e ganho de massa muscular fez com que crescesse a demanda por esses implantes. Mulheres na menopausa também procuram hormônios para aliviar sintomas como redução da libido e aumento de peso.

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Conhecidos como "chips", os implantes são tubos de silicone com hormônios que são inseridos sob a pele. O único registrado pela Anvisa e comercializado no país é o anticoncepcional etonogestrel.


No entanto, outros tipos são produzidos por farmácias de manipulação com receita. Em resposta à controvérsia sobre a falta de registro, a Elmeco, uma das principais empresas que produzem implantes no país, divulgou comunicado em que afirma que suas fórmulas manipuladas, por não serem industrializadas, "não têm e não podem ter registro". A empresa afirma ainda que farmácias de manipulação são regidas por uma legislação específica.

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A endocrinologista Dolores Pardini, responsável pelo ambulatório de reposição hormonal da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e ex-presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sbem, observou aumento na prescrição de hormônios. "O mercado teve uma expansão violenta desses 'chips'", diz.


Segundo Pardini, mulheres preocupadas com baixos níveis de testosterona buscam a suplementação.

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De acordo com posicionamento de entidades internacionais publicado em 2019 no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a única indicação com evidências para o uso do hormônio em mulheres é o transtorno de desejo sexual hipoativo –distúrbio caracterizado pelo desinteresse por relações sexuais. O diagnóstico é feito em mulheres na menopausa e baseado no quadro clínico, não na dosagem do hormônio.


O ginecologista Ricardo Bruno, membro da Febrasgo e chefe do ambulatório de reprodução humana e ginecologia UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), associa o aumento na procura por hormônios à divulgação de promessas estéticas.

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"Vemos jovens, de 20 a 30 anos, utilizando esses androgênios. Elas começam a usar e não param mais, porque atingem o corpo que queriam." Ele ressalta a falta de pesquisas sobre os efeitos do uso prolongado de testosterona.


Outros médicos, entretanto, prescrevem os dispositivos. O ginecologista Igor Padovesi, membro da Comissão de Comunicação Digital da Febrasgo, afirma que há mulheres que se beneficiam dos implantes. Em alguns casos, "na dose certa, a testosterona é bem-vinda".

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Padovesi também prescreve implantes de gestrinona, popularizados sob o nome "chip da beleza", para pacientes com endometriose, por exemplo. Segundo ele, a indicação não deve ser estética e o uso inadequado pode trazer riscos como engrossamento da voz e aumento dos pelos corporais.


Maria Janieire Alves, cardiologista do Incor e professora da Universidade de São Paulo, percebeu aumento no número de pacientes com efeitos colaterais como arritmia e hipertensão causados por implantes de testosterona.


"Inicialmente podem existir benefícios estéticos, mas depois de quatro meses os sinais [de excesso do hormônio] surgem, como piora do cansaço e aumento da pressão arterial." Também há maior risco de infarto e derrame, aponta Alves.


O caminho para regular a testosterona na menopausa ou conquistar um corpo mais saudável é, de acordo com a cardiologista, velho conhecido: aliar exercícios físicos, em especial a musculação, com alimentação saudável.


Expectativas

- Ganho de massa muscular;

- Emagrecimento;

- Aumento da libido;

- Aumento da disposição;


Riscos*

- Acne;

- Aumento dos pelos corporais, inclusive na face;

- Queda de cabelos;

- Engrossamento da voz;

- Crescimento do clitóris;

- Aumento do colesterol;


O que dizem os médicos:

- A avaliação rotineira de testosterona em mulheres não é indicada;

- Valores baixos têm pouco ou nenhum significado clínico;

- A dosagem pode ser indicada em situações específicas, para diagnóstico de transtornos.


*Dependem da dose, da forma de administração e do tempo de uso


Fonte: Consenso da Sbem sobre o uso de testosterona em mulheres (2019); endocrinologista Dolores Pardini

Expectativas


- Ganho de massa muscular;

- Emagrecimento;

- Aumento da libido;

- Aumento da disposição;


Riscos*


- Acne;

- Aumento dos pelos corporais, inclusive na face;

- Queda de cabelos;

- Engrossamento da voz;

- Crescimento do clitóris;

- Aumento do colesterol;


O que dizem os médicos:

O

- A avaliação rotineira de testosterona em mulheres não é indicada;

- Valores baixos têm pouco ou nenhum significado clínico;

- A dosagem pode ser indicada em situações específicas, para diagnóstico de transtornos.


*Dependem da dose, da forma de administração e do tempo de uso


Fonte: Consenso da Sbem sobre o uso de testosterona em mulheres (2019); endocrinologista Dolores Pardini

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