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Transição capilar ganha adeptos e ajuda a desenvolver naturalidade dos fios

Ana Beatriz Gonçalves - Folhapress
25 fev 2020 às 08:42
- Reprodução/Pixabay
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Se livrar de amarras e inseguranças em relação à estética quase nunca é fácil, especialmente quando os padrões de beleza impostos pela sociedade ditam modelos a serem seguidos. Os cabelos cacheados e crespos sempre foram os principais alvos dessa conduta, que hoje vem mudando.

A transição capilar, processo de retirar a química do cabelo para voltar ao aspecto natural, ganhou força nos últimos cinco anos e tem conquistado cada vez mais jovens e adultos. Agora, a moda é ser natural.

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Para a psicóloga Luana Meira de Oliveira, 24 anos, o amor-próprio foi uma das principais descobertas que a transição proporcionou. "Eu queria parecer com as pessoas com as quais eu andava. Queria pertencer ao grupo. Só me sentia bonita se o cabelo estivesse liso", diz Luana, que hoje se sente mais autêntica com seus cachos.

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Apesar de ter feito o primeiro procedimento químico aos 18 anos, a psicóloga conta que desde criança era adepta da escova e da chapinha, formas que encontrava para esconder os fios naturais. Quando finalmente decidiu fazer a transição capilar, que levou um ano e meio, encontrou outro obstáculo.
"Não tive o apoio da minha família, eles falavam que liso era mais bonito. Hoje, vejo que eles não tinham essa percepção de entender quem nós somos, só reproduziam os padrões da sociedade. Foi com certeza a parte mais difícil pra mim", lembra Luana.

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A questão da aceitação familiar não foi diferente para a estudante de comunicação Nicolle Araújo, 19, que iniciou o procedimento aos 15 anos. "Hoje me sinto a Nicolle, mas eu lembro que na época sofria bullying por ter cabelo crespo. Dentro da família também passava por isso. As pessoas podem achar que é uma brincadeira, mas não é."


Ao realizar a primeira progressiva aos 11 anos, Nicolle lembra que sua experiência com rejeição ao próprio cabelo veio desde a infância. "Minha mãe arrumava o meu cabelo e prendia. Ficava inventando penteados, porque na realidade não sabia lidar com o volume dele. Na escola, eu via as meninas com o cabelo solto e me sentia mal. Sabia que se soltasse o meu, não ficaria igual o delas", afirma a estudante.

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Para Fabiana Lourenço, 42, especialista em cabelos cacheados e crespos há mais de 20 anos, a falta de conhecimento sobre os cuidados com os fios é um dos principais fatores que fazem as pessoas aderirem ao alisamento. "Eu via que as pessoas precisavam de mais conhecimento e aprender formas de cuidar no dia a dia."


Aceitação

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Para Fabiana Lourenço, a dificuldade de se adaptar à nova realidade estética é muito comum entre quem passa pela transição capilar. Por isso, dar atenção ao emocional é necessário durante o processo. "É uma questão muito pessoal voltar às origens. Várias das clientes choram no dia do procedimento. Por isso, temos uma política de cuidado pessoal. Colocamos música, deixamos a pessoa a vontade."


Luana conta que o impacto da transformação também mudou o seu emocional. "Demorou um tempo pra eu me entender e aceitar nesse novo formato, porque a cabeça demora um pouco mais para entender do que o cabelo para crescer [risos]."

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Para Nicolle, também não foi diferente. Ela lembra que nos primeiros momentos da transição capilar sua autoestima ficou abalada. "Meu cabelo ficava metade cacheado e metade liso. Isso fez com que a minha autoestima ficasse lá embaixo."


Apesar de quase ter abandonado o processo, Nicolle recebeu apoio de sua mãe, que acabou a convencendo a seguir em frente. "Ela conversou comigo, me apoiou e disse para eu pensar melhor, que independentemente do que eu escolhesse, estava comigo. Isso foi essencial para chegar aonde estou agora."

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Homens também aderem ao estilo natural dos fios


Para quem acha que transição capilar é algo exclusivo de mulheres, Richner Allan, 31 anos, demonstra, com a sua história, que homens com cabelos crespos e cacheados também enfrentam dificuldades em aceitar os fios naturais.

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"O homem, normalmente, acaba não se olhando esteticamente. Quando eu conversava com as minhas amigas sobre este assunto, comecei a perceber que isso também acontecia comigo, mas de um jeito diferente. Não com a mesma intensidade e cobrança, mas essa relação de ter vergonha do cabelo", afirma Allan, que atualmente adotou o visual de "dreadlock" (rasta).


"Eu só assumi o meu estilo black power aos 25 anos. Antes eu raspava a cabeça, nem dava tempo de conhecer meu próprio cabelo. Quando crescia um pouco, já cortava", lembra o editor de vídeos, que na juventude alisava os fios com produtos químicos para se encaixar nos padrões de beleza.


A tentativa de alisar os fios era tanta, que Allan conta que chegou a machucar o couro capilar, e foi aí que decidiu parar. "Não parei de alisar por vontade própria, mas porque estava machucando a cabeça."


Ele admite que foi influenciado por amigas para realizar a transição. "É um processo que quando você entra, tudo faz sentido. E, junto, veio esse autoconhecimento que eu não tinha. Ninguém passa sozinho por esse processo de transição", diz.


Com histórias entrelaçadas, a psicóloga Luana Meira de Oliveira também lembra que sua decisão influenciou alguns conhecidos. "Pelo menos três pessoas próximas foram influenciadas por mim [risos]."


Na visão de Allan, a falta de aceitação dos fios vem por conta da representação que antigamente não era comum. "Eu tenho 30 anos mas, quando eu era criança, não via referências de cabelo "black" na televisão. Existia os nichos mas não era algo falado como atualmente."

Além da transição capilar, movimentos como o "body positive" (em português, corpo positivo), ressaltam cada vez mais a essência do que é, de fato, belo.


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