Sonho de consumo de muitas mulheres, a abdominoplastia é o procedimento cirúrgico em que se remove o excesso de gordura e de pele e, na maioria dos casos, restaura os músculos enfraquecidos ou separados, criando um perfil abdominal mais suave e tonificado.
O procedimento, no entanto, apresenta maior risco de complicações do que outros da cirurgia plástica cosmética, segundo um estudo publicado na edição de novembro do Plastic and Reconstructive Surgery, jornal médico oficial da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS ).
"Os riscos de complicação são particularmente mais elevados para a grande proporção de pacientes submetidos à abdominoplastia em combinação com outros procedimentos. Segundo os pesquisadores, os procedimentos combinados podem aumentar significativamente as taxas de complicações e devem ser considerados com cuidado por pacientes de alto risco", afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
Complicações após a abdominoplastia
Para chegar a essas conclusões, os autores do estudo avaliaram as taxas de complicações da abdominoplastia e os fatores de risco, utilizando um banco de dados nacionais de pacientes norte-americanos, o CosmetAssure, que é um programa de seguro que fornece cobertura para complicações relacionadas com procedimentos de cirurgia plástica cosméticas, que não são normalmente cobertos pelos seguros de saúde americanos.
O estudo incluiu dados de cerca de 25.000 abdominoplastias, realizadas entre 2008 e 2013, o que representa cerca de 14% de todos os procedimentos no banco de dados. 97% dos pacientes que fizeram abdominoplastia eram mulheres; a média de idade era de 42 anos. 65% dos pacientes foram submetidos à abdominoplastia combinada com outros procedimentos de cirurgia plástica.
"No geral, as principais complicações ocorreram em 4% dos pacientes submetidos à abdominoplastia – taxa significativamente superior à taxa de 1,4% após outros procedimentos de cirurgia plástica. (O banco de dados não inclui as complicações menos graves que podem ser gerenciadas nas clínicas). Hematomas foram a complicação mais comum, seguidos por infecções, coágulos sanguíneos (tromboembolismo venoso) e problemas pulmonares", diz médico.
Procedimentos combinados são o principal fator de risco para complicações. Comparada com a taxa de risco de 3,1% da abdominoplastia sozinha, o risco aumenta quando a abdominoplastia é combinada com outros procedimentos: até 10,4% quando a abdominoplastia é combinada com a lipoaspiração. Após o ajuste para outros fatores, o risco relativo de complicações foi 50% mais elevado para os procedimentos combinados. Outros fatores de risco para as complicações foram: sexo masculino, idade de 55 anos ou mais e obesidade.
Diabetes e tabagismo
"Diabetes e tabagismo – dois dos principais fatores de risco cirúrgicos – não estão associados com um aumento significativo de complicações após a abdominoplastia. Segundo os autores do estudo, a prática norte-americana de não realizar a abdominoplastia em pacientes diabéticos mal controlados e recomendar a cessação estrita de fumar por pelo menos quatro semanas antes e após a cirurgia pode ter gerado reflexos nos resultados", observa Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A abdominoplastia é o sexto procedimento cirúrgico cosmético mais realizado nos Estados Unidos, com mais de 117.000 procedimentos realizados em 2014, de acordo com estatísticas ASPS. O número de abdominoplastias tem aumentado nos últimos anos devido ao aumento do número de pacientes submetidos às cirurgias de contorno corporal para remover o excesso de pele e tecido após a perda de peso maciça.
"O estudo acrescenta evidências a estudos anteriores de que a abdominoplastia carrega uma taxa de complicação maior do que outros procedimentos de cirurgia plástica cosmética. Embora a incidência global de complicações graves seja baixa, tais complicações podem provocar resultados estéticos desagradáveis e representam encargos financeiros significativos para o paciente e para o cirurgião", diz o médico.
Os autores do estudo destacam que o risco associado aos vários procedimentos –especialmente uma vez que quase dois terços dos pacientes do banco de dados foram submetidos a procedimentos cosméticos combinados com a abdominoplastia – devem ser considerados E sugerem que pacientes com alto risco de complicações podem se beneficiar mais da abdominoplastia realizada sem a combinação de outros procedimentos.
Nos vídeos abaixo Rubem penteado esclarece as principais dúvidas de quem pretende se submeter a uma abdominoplastia. Confira:
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