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'Nunca se comprou tanto maiô', diz estilista Lenny Niemeyer

Agência Estado
26 abr 2018 às 14:37

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- Reprodução/Instagram
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Um Brasil vibrante, artesanal, tecnológico, tropical e muito chic emergiu na passarela da carioca Lenny Niemeyer, que se inspirou nas belezas do país e de mulheres desbravadoras para desenvolver a moda praia de seu verão 2019.

Com uma cartela de cores vibrantes, a coleção foi construída com muitas estampas florais e marajoaras combinadas a tramas de palha que desfaziam em franjas, bordados que evocavam o melhor do artesanato nacional aplicados em maiôs, túnicas e vestidos ajudaram a construir uma coleção rica, elegantérrima. Desfilada por um casting de modelos que traduz nossa diversidade de peles e raças, muitas peças traziam bolsos grandões, utilitários.

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Em entrevista, a estilista fala do Brasil que inspirou sua coleção, dos dramas da indústria da moda, de see-now-buy-now e do ressurgimento do maiô como sucesso de vendas. "Nunca se comprou tanto maiô", afirma.

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Que Brasil é esse que inspira seu verão 2019?


Queria uma coleção que fosse bastante orgânica, então ela é inspirada nas belezas naturais brasileiras, com um olhar de mulheres desbravadoras, que trabalham. Por isso temos essas modelagens mais utilitárias e tem o Brasil tropical nessa riqueza de folhagens, da chita, da palha marajoara, das coisas que se desconstroem, como as palhas que se transformam em franjas.

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A escalação de modelos tem uma cartela de cores de pele supervariada desta vez...


O casting a gente pensou nessa diversidade de pessoas, de tipo, e é bem colorido, como é o nosso Brasil.

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Você está fazendo verão 2019, tem gente mostrando inverno. Como enxerga o see-now-buy-now?


Não funciona para mim see-now-buy-now. Conceitualmente já acho que as pessoas não têm esse desejo. Existe um tempo de gerar desejo nas pessoas de consumirem aquilo. Não acho que você sai correndo de um desfile para ir para a loja.

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O que mais atrapalha nesse modelo?


Para quem vende para multimarcas, como eu vendo, é complicado você se programar. Elas precisam ter tempo para comprar e para fazer [os pedidos]. Eu tenho que fazer uma aposta muito grande. Grandes empresas podem fazer isso, mas eu não vivo do showroom. Se eu vendesse só para minhas lojas, tudo bem, mas tenho mais de 200 clientes que vão ver uma coisa aqui e não vão poder consumir porque teriam que ter comprado seis meses antes.

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Já sente a retomada da economia na moda?


Trabalho com um produto que não é absurdamente caro. Acabou que com toda essa crise as pessoas voltaram o consumo um pouco para o mercado interno. A retomada acho que vai demorar um pouquinho mesmo. É complicado para quem tem indústria, a gente tem dificuldades com fornecedores. Os pequenos estão enfrentando muita dificuldade, nunca vi tanto desemprego na vida, é muito impressionante.


Em termos de consumo e preferência, o que mudou?

Tenho um pouco de tudo, mas eu acho que o maiô, por exemplo, nunca se comprou tanto maiô, mais cavado ou não. Eu tenho clientes que são filhas e mães [comprando maiôs]. Eu vendo muito no e-commerce, isso é muito do futuro, mas acho que a loja, o cheiro, o atendimento na loja, esse contato pessoal é muito importante. As pessoas gostam de ir lá e ver esse conjunto.


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