Mais do que uma simples estrutura de queratina, que protege o couro cabeludo das variações de temperatura ou dos raios do sol, o cabelo desempenha um papel importante no visual e na autoestima. O valor simbólico das madeixas ultrapassa questões estéticas, chegando a ser associado à identificação de pessoas ou a valores como poder, status e saúde.
No livro ''Dr. Cabelo'', o médico Luciano Barsanti, que atua como diretor do Instituto do Cabelo em São Paulo, e também está à frente da Sociedade Brasileira de Tricologia, apresenta informações sobre o avanço da ciência na área de recuperação capilar, além de desfazer antigos mitos e instruir o leitor com dicas de como manter a saúde dos cabelos.
Problemas como queda anormal dos fios e calvície assustam, porém, em muitos casos, podem ser evitados. O médico explica que em mulheres as causas mais frequentes de queda são os fatores hormonais e as doenças da tireoide.
São também considerados fatores da alopecia (perda anormal dos fios) as alterações psiquiátricas como anorexia nervosa e depressão, alterações nutricionais causadas por dietas, o uso de medicamentos como anfetaminas (usadas em fórmulas para regimes), anti-hipertensivos e antidepressivos ou remédios sistêmicos para a acne. No entanto, Barsanti ressalta que a pessoa que estiver utilizando qualquer um dos medicamentos citados não deve interromper seu uso sem o conhecimento do médico.
A colocação de elásticos para fazer rabos-de-cavalo, assim como as tiaras, ''piranhas'', rolinhos ou grampos de cabelo, alerta Barsanti, podem provocar calvície irreversível por trauma ou tração dos cabelos. Os apliques também devem ser evitados, principalmente por mulheres com problemas capilares.
De acordo com o médico, todos os cabelos têm origem no bulbo capilar (matriz do fio), que se encontra na parte interna do couro cabeludo. Esse bulbo é fixado por um músculo muito frágil chamado músculo sustentador do fio. ''Quando existe a tração do músculo por meio de um peso extra (aplique ou entrelaçamento), ou a agressão pelo uso de tiaras e elásticos, ocorre o rompimento do músculo com a consequente perda irreversível do fio'', avisa.
O mito de que o uso diário de secadores de cabelo pode ser prejudicial à saúde capilar é esclarecido pelo médico. Para o especialista, o uso do aparelho está liberado desde que seja utilizado na temperatura de grau médio (no inverno), ou fria (no verão). A distância mínima deve ser de 30 centímetros entre o secador e os fios.
Pós-parto
É comum ouvir queixas de mulheres que percebem a queda de cabelos depois da gestação. A explicação, de acordo com o médico, se deve ao fato de que durante a gravidez os hormônios se proliferam no corpo da gestante, provocando alterações em seu corpo. Um dos efeitos é o aumento da quantidade de fios e também da oleosidade do couro cabeludo. Após o nascimento do bebê, com o reequilíbrio hormonal no pós-parto, os cabelos adicionais começam a cair. Além disso, o cansaço e o estresse da gestação e dos cuidados com o recém-nascido contribuem para acentuar a queda.
A dica é prestar atenção no período de queda. Segundo o médico, a situação normalmente ocorre por volta do terceiro mês depois do parto e se estende até o quinto ou sexto mês. Se o período da perda ultrapassar oito meses após o parto é recomendado consultar o médico.
Tristeza e queda
Segundo o médico, é comum pacientes apresentarem queda anormal de cabelo e queixarem-se de estresse, ansiedade e angústia. A percepção da relação entre estresse e alopecia tanto em homens e mulheres incentivou Barsanti a incluir essa questão em seu interrogatório médico e no tratamento. Métodos de relaxamento são levados em conta na hora de tratar, com o intuito de combater as ações da adrenalina, hormônio que se torna abundante durante as fases de ansiedade. Outra consequência negativa ocasionada pela adrenalina é o aumento da seborreia.
Uma pesquisa realizada no Instituto do Cabelo mostrou que os pacientes com alopecia apresentaram recuperação capilar mais rápida quando submetidos a métodos de relaxamento, se comparados a outros pacientes tratados sem as técnicas.
Assim, pode-se afirmar que prazer e bem-estar estão associados à pele e cabelos mais bonitos, já que liberam endorfina. ''Esta substância é antagonista, ou seja, combate a ação da adrenalina, que é prejudicial para várias situações orgânicas, inclusive para a saúde dos cabelos'', ressalta Barsanti.
Mitos e verdades
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