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Depois de biquíni, fita isolante vira matéria-prima para sunga no Rio

Ivan Finotti - Folhapress
13 jan 2020 às 10:22
- Reprodução/Instagram
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A moda dos biquínis feitos com fita isolante chegou a um novo patamar nesse verão, com o advento de uma profusão de cores neon, em substituição ao antes reinante preto. As fitas, as mesmas usadas pelos eletricistas, agora vêm em rosa choque, laranja, verde e roxo. Há ainda azul e vermelho, mas essas não chegam a brilhar no escuro como as neon.

Mais do que isso, as barraquinhas do Piscinão de Ramos, na zona norte do Rio, passaram a fazer também sungas de fita em homens. A aceitação ainda é baixa: "Faço uma por semana em homem. Para mulher, são umas 40 por dia", diz Rayane Teixeira, sócia de Daniele Dantas na barraca Danny Bronze, há cinco anos realizando serviço de colagem no local.

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Os biquínis de fita isolante começaram a aparecer em 2013, numa laje em Realengo, também zona norte. Ali, Erika Bronze ficou famosa ao enfileirar, em espreguiçadeiras, mulheres da região, que não tinham acesso a praias próximas. Pouco depois, as patroas passaram a frequentar a laje. E m 2017, Anitta terminou de popularizar o invento ao se exibir de fita em seu clipe "Vai, Malandra".

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Mas a moda ainda não chegou às praias da zona sul, como Copacabana, Ipanema ou Barra da Tijuca. Para se apropriar dessa cultura é preciso viajar ao Rio mais profundo.

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A busca é por uma marquinha perfeita, como se fosse desenhada com régua. A maioria brinca com o perigo: usa-se como bronzeador um produto hidratante chamado creme de parafina (cheiro de açaí com jamelão). Mulheres negras ficam uma hora de frente para o sol e outra de costas e já saem com a marquinha da fita. "As mais branquinhas podem ficar apenas vinte minutos ou meia hora", diz a Danny Bronze.


Desnecessário lembrar, mas necessário dizer, que nenhum dermatologista recomenda o uso de fita isolante no corpo, pois podem causar alergia ou mesmo derreter sob sol intenso, causando feridas na hora de descolar. Já os fabricantes do creme de parafina desaconselham exposição prolongada ao sol.

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Então é hora de testar. Se a montagem de um biquíni leva apenas dez minutos, Rayane e Danny levaram cerca de meia hora para me envelopar com uma fita isolante cor de rosa choque (escolha delas) e fazerem delicados detalhes zebrados nas laterais. Não usei a parafina bronzeadora (escolha minha).


Para mulheres, o biquíni fica R$ 20 em cima e outros R$ 20 embaixo. Para homens, a sunga custa R$ 40, por utilizar grande quantidade de fita (um rolinho faz sete biquínis, mas apenas duas sungas). As fitas, aliás, cujo rolo custa entre R$ 5 e R$ 7, são de marcas pouco conhecidas.

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Quem frequenta as superlojas de construção já comprou algum produto da gigante norte-americana 3M, mas essa foi a primeira vez que vi uma marca (brasileira) chamada 2M.


Voltando ao Piscinão, o primeiro passo é entrar numa cabine, como se fosse um provador de loja. "Para falar a verdade, a maioria das mulheres faz a parte de cima ao ar livre mesmo, e muitas a parte de baixo também, apenas escondendo suas partes com uma toalha ou uma canga", conta a Danny Bronze.

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Durante o tempo em que a reportagem passou no Piscinão, neste domingo (12), nenhuma das dez mulheres se preocupou em entrar na cabine para ter mais privacidade. No caso dos homens, é melhor entrar.


Ali, você ficará totalmente pelado, em pé, com a aplicadora sentada em uma cadeira de praia na sua frente (sim, ela vê tudo). O segundo passo, então, é proteger o sexo com um pedaço de gaze. As mulheres, em geral, não o fazem. Mas algumas sim, e há até quem prefira colocar um absorvente para ter menos contato com a cola.

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Enquanto você segura a gaze, a moça começa a te envolver com a fita. Primeiro na frente, depois atrás, no formato que você preferir. Podia ser tanguinha, bem fina ao lado. Podia ser sunga. Ou ainda uma cueca boxer. Optei pela ousadia do meio, a sunga.


Após o encaçape total, a moça passa uma fita preta em cima e em volta das pernas, para marcar bem o final da sunga. Acrescentam-se as tais zebrinhas (opcionais) e voilá! Você está pronto para sair da cabine e encarar o povo no Piscinão, se tiver coragem.

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Eu tive, pois era trabalho, e fui recebido com muitas risadas de mulheres e olhares pasmos da fauna masculina. Talvez fosse a cor, talvez os detalhes, mas o fato é que é difícil passar despercebido com uma sunga ou um biquíni de fita isolante neon.


Passado o primeiro baque, comprei uma água de coco na barraca ao lado e ninguém começou a rir na minha cara. Fui com Rayane e Danny Bronze até a água para tirarmos fotos. Um rapaz se aproximou perguntando se doía.


Não, não doía, mas, quando me abaixei para pegar os chinelos, empaquei na metade. Impossível se curvar: as fitas grudadas te repuxam para todo lado e você tem que andar meio como se fosse uma múmia egípcia. Banheiro, só depois da experiência.

A hora de tirar era meu maior medo, uma vez que a depilação íntima não faz parte de minhas preocupações cotidianas. Com uma tesoura, ela cortou a sunga rosa de alto a baixo, nas duas laterais. Descolar a parte de trás foi fácil demais. Arrancar a parte da frente exigiu alguns pulinhos, se é que você me entende. Mas foi bem tranquilo, sem danos físicos. Nem traumas psicológicos profundos.


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