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Acne: problema pode estar com os dias contados

07 dez 2010 às 11:36

Cientistas da Universidade de Göttingen, na Alemanha, encerraram o sequenciamento completo do genoma da bactéria que causa a acne, o tipo mais comum de doença de pele, que afeta cerca de 80% dos adolescentes. Segundo dados deste trabalho, o genoma da Propionibacterium acnes pode ser a base para a descoberta e o desenvolvimento de novos medicamentos para combatê-la.

A acne é uma doença de componentes genéticos cuja manifestação está relacionada à presença de hormônios sexuais, especialmente o hormônio masculino, a testosterona. Por conta disso, as lesões começam a aparecer na puberdade, quando estes hormônios iniciam sua produção pelo organismo, acometendo a maioria dos jovens de ambos os sexos. As lesões têm um maior pico de incidência dos 14 aos 17 anos, nas mulheres, e dos 16 aos 19 anos, nos homens. Mas, a doença não afeta somente adolescentes, podendo persistir na idade adulta e, até mesmo, surgir nesta etapa. Aí, neste caso, é mais comum em mulheres.


As formas da doença (cravos e espinhas) aparecem por causa da elevação do nível de secreção sebácea relacionada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos brancos). Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que causam a inflamação característica das espinhas. O agente mais comum é a bactéria Propionibacterium acnes. A doença manifesta-se, principalmente, na face e no tronco, áreas do corpo ricas em glândulas sebáceas. A intensidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa e, na maioria das vezes, é de pequena a média. No entanto, em alguns casos, o quadro pode tornar-se muito importante, como a acne conglobata (lesões císticas grandes, inflamatórias, que se intercomunicam por sob a pele) e a acne queloideana (que deixa cicatrizes queloideanas após o desaparecimento da inflamação).


Tratamento precoce


Se não tratada no início e adequadamente, a acne pode ter sua duração prolongada e desfigurar a pele de seus portadores. "Por isso, é importante tratar desde o começo, para evitar estas sequelas e, principalmente, suas consequências emocionais e o impacto na auto-estima para a vida da pessoa. O lado emocional dos pacientes não deve ser menosprezado. A desfiguração provocada pela acne afeta profundamente a autoconfiança do adolescente, que, normalmente, começa a evitar o contato social com vergonha de suas lesões e o temor de sofrer o famoso bullying por parte de seus colegas. Muitas vezes, é necessário o acompanhamento de um psicólogo", afirma a dermatologista Daniela Schmidt Pimentel.


O tratamento pode ser feito com medicações de uso local, com o objetivo de desobstruir os folículos e o controle da proliferação bacteriana e da oleosidade. Também podem ser administrados medicamentos via oral, dependendo da intensidade do quadro, geralmente, antibióticos para controlar a infecção ou, no caso de pacientes do sexo feminino, terapia hormonal com medicações anti-androgênicas. Em casos de acne muito grave (como a acne conglobata), ou resistente aos tratamentos convencionais, pode ser empregado a isotretinoina, um retinoide de uso oral, que deve ser tomado por cerca de seis a oito meses na grande maioria dos casos. No entanto, a necessidade de seu uso deve ser muito bem avaliado pelo médico dermatologista, uma vez que o medicamento pode trazer reações adversas graves. Outro recurso que auxilia é a limpeza de pele, efetuada por esteticistas devidamente capacitadas, cuja ação é o esvaziamento de lesões não inflamatórias (cravos), evitando que se transformem em espinhas.


Já para tratar as cicatrizes deixadas pela acne devem ser feitas associações de técnicas, dependendo dos tipos das cicatrizes, tais como a subcisão – técnica em que se utiliza uma agulha para descolar as traves fibrosas que deprimem a cicatriz, melhorando o aspecto da lesão. Há também o método da dermoabrasão - esfoliação mecânica da pele utilizando lixas manuais ou elétricas para remover as cicatrizes – e os peelings químicos - aplicação de substâncias químicas ácidas sobre a pele com o objetivo de remover as camadas mais superficiais da pele e estimular a renovação celular.


Outra grande arma para o tratamento da cicatriz de acne é o laser de CO2 fracionado, que pode minimizar substancialmente as marcas deixadas pela doença. O laser de CO2 permite uma dermoabrasão em profundidade, de forma segura. Ele atua por um processo de emissão de laser de forma fracionada onde as células atingidas são vaporizadas ao experimentarem uma elevação na temperatura em 100° graus durante alguns microssegundos. O tratamento é realizado com anestesia tópica, proporcionando ao paciente um resultado semelhante ao de um peeling profundo, porém com retorno mais rápido às suas atividades habituais. Deve-se evitar o sol nos primeiros dias e utilizar filtro solar. A duração do tratamento varia de acordo com a gravidade do caso. Cada sessão tem duração média de 30 minutos.


Mitos e verdades sobre a acne


Chocolate e outros alimentos causam espinhas: verdade!


Uma dieta alimentar com menos alimentos glicêmicos pode contribuir para limpar o rosto da acne. Esta informação foi demonstrada em um estudo realizado pela Universidade RMIT na Austrália. A pesquisa analisou 43 homens entre 15 e 25 anos que, em 12 semanas, passaram pela dieta de baixa carga glicêmica e que apresentaram redução no peso corporal, uma maior sensibilidade à insulina e diminuição do risco da acne. A pesquisa revela ainda que alimentos como pão e batata, que aumentam os níveis de glicose no sangue, podem contribuir para a manifestação da acne. Já os cereais com muita fibra e os feijões, considerados como tendo um baixo índice glicêmico, auxiliam impedir o aparecimento deste problema.


Lavar o rosto várias vezes ao dia pode evitar a acne: mito!


Lavar o rosto várias vezes não ajuda a evitar. Isso pode inclusive desencadear o aumento da oleosidade da pele (efeito rebote). Portanto, deve ser lavado duas vezes ao dia, no máximo.


Acne é contagiosa: mito!


Apesar de ser uma infecção, a acne não é transmissível.


Cravos pretos são "sujos": mito!


O escurecimento é ocasionado pela oxidação, não por sujeira.


Espremer as espinhas ajuda a acabar com a inflamação:mito!


Espremer é erradíssimo, pois colabora para disseminar a inflamação ainda mais e pode gerar cicatrizes por lesar a pele.


Anticoncepcional piora a acne: mito!


Dependendo do anticoncepcional, pode levar a uma melhora do quadro


Masturbação causa acne: mito!
Não existe nenhuma relação entre masturbação e acne.


Menstruação causa acne: verdade!


Pela influência dos hormônios, pode ocorrer uma piora da acne nos dias que antecedem à menstruação.


O sol piora/melhora a acne: verdade!


Apesar de ter algum efeito cicatrizante, o sol pode provocar a elevação da produção de sebo, além de ser a principal causa de envelhecimento e câncer de pele.


Cicatrizes de acne não têm cura: mito!


Existem recursos para tratamento de cicatrizes, como o uso do laser. Esses procedimentos devem ser realizados por um médico dermatologista experiente.



Acne é coisa só de adolescente: mito!


Após a puberdade, a acne pode se manifestar em qualquer etapa da vida do ser humano, pois está relacionada ao estímulo hormonal de cada pessoa e da produção das glândulas sebáceas, além de outros motivos. Algumas mulheres com alteração hormonal resultante de ovário policístico têm uma maior predisposição à acne.


Existem tratamentos que podem acabar com a acne para sempre: verdade!


Alguns remédios podem acabar com o problema de vez. Todos eles são receitados pelo médico e a chance de cura chega a 85%. Mas é importante o diagnóstico de um especialista, pois os tratamentos variam de pessoa para pessoa e os efeitos adversos devem ser bem ponderados e monitorados.


Qualquer creme ou gel antiacne resolve o problema: mito!


O uso de produtos oleosos como cremes e filtros solares não adequados, pois promovem o aparecimento ou pioram o quadro de acne. São indicados géis com ácidos salicílico, retinoico e glicólico, sob orientação do dermatologista. Para a limpeza, devem-se utilizar sabonetes desengordurantes, mas não em excesso.


Peles brancas são mais vulneráveis: mito! As espinhas estão diretamente associadas ao funcionamento das glândulas sebáceas, e não à tonalidade da pele.


Estresse causa espinhas: em termos...


Como a variação hormonal está associada ao aparecimento das espinhas, qualquer abalo emocional mais forte e duradouro pode interferir na saúde da pele. Isso porque a ansiedade e o estresse aumentam a liberação dos hormônios masculinos, responsáveis pela atividade das glândulas sebáceas.


As mulheres são mais atingidas pelo problema do que os homens: mito!

Não exatamente, até porque o hormônio masculino, a testosterona, é que provoca a hiperfunção das glândulas sebáceas mais sensíveis nos homens.


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