A aposentada Vera Lucia Nojerino esbanja saúde. Aos 70 anos, orgulha-se de não ter nenhuma doença crônica. Moradora do bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, costuma ir três vezes por semana à academia, além de passear com sua cachorra pela manhã e à tarde, todos os dias.
A quarentena imposta pelo novo coronavírus, porém, mudou a rotina dela.
Desde a última semana, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a disseminação da Covid-19 como uma pandemia, dona Vera Lucia passou a ficar em casa. Ela sabe que, mesmo com a saúde em dia, faz parte do chamado grupo de risco e segue a recomendação de não sair à rua.
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"Este é o momento de ficar em casa. Não importa se vai ser por um mês, dois meses ou mais, é o momento de fazer um sacrifício coletivo", afirma.
Não que isso a impeça de cuidar de seu corpo. Ela ainda mantém uma rotina de exercícios físicos. "Faço alongamentos e um pouquinho de levantamento de peso", diz. "Sempre que eu voltava da academia, era outra pessoa, renovada, então não posso parar."
Durante o confinamento, a prática de atividades físicas é justamente uma das mais recomendadas por especialistas, inclusive para os idosos.
"A atividade física é importante para manter a qualidade da saúde mental. Por isso as pessoas precisam buscar alternativas para manter o corpo em movimento. Isso ajuda, também, a evitar quadros de depressão e ansiedade", explica o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos André Uehara.
De acordo com Uehara, há uma série de exercícios que podem ser reproduzidos pelos idosos em casa. Ele afirma, contudo, que a prática desses movimentos deve ser feita com a orientação de especialistas.
"O idoso que já realizava atividades físicas antes do período de quarentena deve buscar fontes seguras de orientação profissional na internet, e usar sua experiência prévia como referência para não exagerar na quantidade e intensidade de esforço", concorda a professora de educação física Cris Peixoto, que também é doutoranda em neurologia pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo a educadora, os exercícios mais recomendados para idosos são os de fortalecimento muscular, aeróbios e respiratórios. A fisioterapeuta Patrícia Pietro indica algumas práticas simples, que podem ser reproduzidas em casa com segurança mesmo para as pessoas que moram sozinhas.
"Nós temos uma série de exercícios que podem ser feitos sentado, deitado ou mesmo em pé, com toda segurança", diz Pietro. "Os alongamentos, por exemplo, podem ser feitos com o auxílio de uma cadeira e os exercícios de fortalecimento muscular podem ser realizados deitado na cama ou não chão", explica a fisioterapeuta.
De acordo com a OMS, além desses exercícios, é importante que os idosos mantenham, ainda, uma rotina com outras atividades que possam ser estimulantes para a mente, como leitura, jogos de tabuleiro e jardinagem, por exemplo.
Com o isolamento social necessário para este momento, especialistas recomendam que familiares mantenham, também, um contato diário por telefone, principalmente com vídeo chamadas. "Eu falo com todo mundo pelo telefone e pelo WhatsApp. É o dia todo com o telefone plin, plin, plin, com mensagens. Eu respondo todas elas", diz a aposentada Maria Christina Menon, 78, educadora de saúde pública aposentada.
"Essa quarentena é vital para nós conseguirmos controlar essa catástrofe mundial", acrescenta. "Por isso eu sigo a recomendação de ficar em casa", enfatiza.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, os pets também terão um papel fundamental neste momento de isolamento. "Os cachorros ou gatos são, muitas vezes, a única companhia dos idosos", afirma Carlos André Uehara, que apenas não recomenda que os idosos os levem para passear.
"Animais de pequeno porte não fazem tanta questão de sair de casa. Agora, caso o idoso tenha um animal maior, que precise sair, é bom pensar uma alternativa, como um parente ou vizinho leve o animal para passear", diz.
Segundo o veterinário Mário Marcondes, diretor do Hospital Veterinário Sena Madureira, em São Paulo, sempre que os animais retornarem desses passeios é importante higienizar bem as patas e os pelos deles, pois, apesar de não transmitirem a Covid-19, eles podem transportar o coronavírus.
"Existem géis que são próprios para banhos secos em animais, são vendidos online, e com eles é possível fazer a limpeza do animal. Esses cuidados de higiene são importantes inclusive para o próprio pet", diz Marcondes. "É bom procurar manter o animal bastante saudável para não ter de ir ao veterinário neste período, além de estocar uma quantidade de ração em casa", alerta.