É só baixar a temperatura que eles entram em cena: cobertores, casacos pesados, roupas de lã, luvas e cachecois fazem parte do 'arsenal' que usamos para enfrentar o frio do inverno. Na maioria das vezes, esse casulo de roupas quentinhas dá conta do recado, mas, mesmo assim, tem gente que pena com tremedeira, boca roxa e chega até a bater os dentes. De fato, para determinadas pessoas a sensação de frio é bem mais intensa. Porém, na maioria das vezes, esta hipersensibilidade pode esconder algum problema de saúde.
Hipotiroidismo e Síndrome de Raynaud são exemplos de doenças que podem provocar frio excessivo. O endocrinologista Frederico Marchisotti, do laboratório Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica, de São Paulo, explica a seguir como essas doenças interferem na regulação da temperatura corporal.
Disfunção da tireóide
A tireóide é responsável pela produção de uma série de hormônios que regulam todas as funções do nosso organismo, inclusive as responsáveis pelo controle térmico. Mas, quando essas susbstâncias estão com níveis abaixo do normal, caracteriza-se o hipotiroidismo. "Com esses hormônios desregulados, o corpo perde um pouco da sua capacidade de se aquecer com o próprio metabolismo e a pessoa sente mais frio", explica o endocrinologista.
Outro sintoma da baixa hormonal da tireóide é que o coração também bate em uma frequência menor do que o normal. Essa situação desacelerada é caracterizada como bradicardia o contrário de taquicardia, quando os batimentos são acelerados.
"Com o tratamento hormonal e o uso de medicamentos, este sintoma desaparece e as funções cardíacas voltam ao normal", explica a especialista em cirurgia vascular Aline Lamaita, de São Paulo.
Síndrome de Raynaud
Nos dias frios, o corpo humano reage naturalmente à mudança de temperatura gerando uma vasoconstrição das artérias. Quando há um desequilíbrio deste mecanismo natural, acontece a falta de irrigação do sangue nas extremidades do corpo. É quando mãos, pés, pontos de dedos e até o nariz chegam a ficar roxos. Com o comprometimento da irrigação, o sangue deixa de aquecer o corpo e a pessoa sente mais frio.
Nos casos mais simples, basta agasalhar os membros mais afetados para aquecer. Já nos casos mais delicados, que têm origem cardiovascular, o aparecimento de Raynaud se dá em razão de alguma doença reumática e o paciente pode sentir pontadas fortes nas extremidades e ficar com as mãos e pés ainda mais escurecidos.
Baixa ingestão de calorias
Pessoas mais magras são mais friorentas? O assunto gera controvérsias. Para Ellen Simone Paiva, diretora clínica do Centro Integrado de Terapia Nutricional, de São Paulo, a hipersensibilidade ao frio não está relacionada à ingestão calórica em si, mas a sua consequência, que é o peso do indivíduo. "Assim, pessoas mais gordinhas sentem menos frio, já que a gordura é um isolante térmico, e pessoas magras sentem mais frio por lhes faltarem maior quantidade deste isolante", explica
Já o endocrionologista Frederico Marchisotti acredita que frio e calorias podem estar relacionados se levarmos em conta o fato de que o organismo precisa de energia para produzir calor e que só a obtemos através da ingestão de alimentos, embora não haja nenhuma teoria cientificamente comprovada sobre o assunto.
Mulheres sentem mais frio
"Tem mulher que dorme com cinco cobertores quando o tempo muda um pouquinho, enquanto o homem continua só com um lençol", lembra o dermatologista Leonardo Abrucio, do Hospital e Maternidade Santa Catarina, de São Paulo. E essa diferença de temperatura não é apenas uma "frescurinha".
Uma matéria publicada no site Xataka Ciencia explica que as mulheres sentem frio e calor antes dos homens. Assim, quando eles começam a tremer ou transpirar, o organismo delas já havia detectado antes a mudança de temperatura, aquecendo ou esfriando a pele de acordo com a necessidade do momento. Segundo a reportagem, isso aconcete porque o organismo feminino foi biologicamente melhor preparado para isso. "Há uma teoria que diz que o centro termorregulador do hipotálamo da mulher faz com que ela não produza tanto calor quanto o homem, mas isso ainda é controverso . Tem gente que não concorda com essa teoria, mas sabemos que, na prática, elas sentem muito mais frio", destaca o dermatologista. (Com informaçõesdo Minha Vida, Saúde, Alimentação e Bem-estar)