Família

Sensibilidade à luz pode afetar aprendizado escolar

14 jul 2009 às 10:03

Você sabe como está o desenvolvimento escolar e pessoal do seu filho? Observar o comportamento do aluno durante os estudos e as brincadeiras é a melhor forma de acompanhar e perceber como está sua evolução. Segundo a oftalmologista Márcia Guimarães, o desconforto ao sol, a utilização de régua ou dedo para acompanhar as linhas de um texto, o apoio da testa com as mãos durante a leitura, a procura constante por sombra para brincar e a distração no momento dos estudos são sinais de que as atividades não estão sendo aproveitadas integralmente.

"A exposição à luz solar ou à luminosidade intensa em diversos ambientes, como escritórios, escolas e supermercados, pode provocar, em alguns indivíduos, sensações de irritabilidade, ansiedade e fortes dores de cabeça. "Isso acontece porque essas pessoas podem ser portadoras de hipersensibilidade a uma determinada frequência de luz, já que percebem a luminosidade mais forte e brilhante que as demais pessoas", observa a médica.


Quando o sistema visual está comprometido, o aprendizado será afetado. já que 85% de tudo que se aprende são informações recebidas pela visão. Possíveis problemas de aprendizagem não são detectados com o exame ocular tradicional. Para detectá-los em tempo hábil de não afetar o desempenho escolar, é necessário fazer exames e testes mais específicos que avaliam o processamento cerebral da visão. "O ideal é que a análise seja feita além do simples exame do olho, observando todo o processo visual do indivíduo.


Nos casos em que a hipersensibilidade à luz (também conhecida como fotofobia) chega a afetar o aprendizado, pode ser diagnosticada também a Síndrome de Irlen que, segundo a oftalmologista, afeta 20% da população. "Essa incidência é ainda mais elevada em portadores de déficits de atenção, dislexia, hiperatividade, entre outros problemas. Mesmo bons leitores, sem dificuldades de aprendizagem, podem ser portadores desta hipersensibilidade. Nesses casos, ela se manifesta pelas crises de enxaqueca, irritabilidade, ansiedade e redução da produtividade profissional", detalha. Fora do ambiente escolar e de escritório, esses sintomas também podem aparecer em lugares com neblina, chuva, mormaço e trânsito, com as luzes noturnas e dos faróis, uma vez que nesses casos a claridade é instável.


O tratamento no Hospital de Olhos Ricardo Guimarães (HORG), em Belo Horizonte, é realizado por meio da utilização de filtros de absorção seletiva, que bloqueiam determinadas frequências de luz que são especialmente agressivas para essas pessoas. O paciente é atendido por uma equipe multidisciplinar que envolve psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e oftalmologistas para que todas as causas possíveis sejam avaliadas e excluídas, restando assim a opção bem direcionada para os filtros. "Esses filtros proporcionam maior contraste, conforto na leitura e mais concentração a esses pacientes, pois agem neurologicamente reduzindo a hiperatividade cortical e o estresse", comenta a médica.

Um levantamento realizado pelo HORG mostrou que em 100 pacientes tratados com a técnica, 80% melhoraram muito em relação ao desconforto com a luz solar e artificial; sendo que outros 13% também sentiram alguma melhora. "Com a diminuição dessa sensibilidade, o processamento cerebral fica mais tranquilo, possibilitando benefícios no hábito de leitura, no equilíbrio, no comportamento, na autoestima, na fluência, na pontuação, na caligrafia, no tempo de execução das tarefas e no desempenho escolar", revela Márcia Guimarães. Outras mudanças consideráveis são na compreensão e na leitura, que correspondem a 90% de melhora. Já os casos de irritabilidade e desatenção foram solucionados em 88% dos pacientes.


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