As crianças e os jovens de hoje são transgressores, falam alto, não respeitam ninguém. Essa queixa é de um professor? De um delegado? Não, é do filósofo grego Sócrates (469-339 a.C), conta a psiquiatra gaúcha Nina Rosa Furtado. "Sempre se reclamou disso. O que acontece é que hoje a transgressão se tornou mais pública. Em vez de bater boca com o vizinho, isso agora é colocado em ambientes como a escola", argumenta a pesquisadora da PUC-RS.
Impor limites desde o começo da vida, frisa Nina, é fundamental para que os pequenos saibam conviver melhor com os outros e não acabem ficando "briguentos" ou passando por grandes frustrações. Sim, porque uma pessoa sem referências não incomoda só aos outros, mas pode até entrar em depressão, segundo especialistas. "A criança que não aprende a ter limite tem uma deformação da percepção do mundo. Quem cresce achando que pode tudo sofre muito mais que os outros. Acaba desenvolvendo uma dificuldade maior de aceitar as diferenças", complementa a psicóloga infantil Maria de Lourdes Pereira Pinto.
Além disso, Maria lembra que as crianças sem limites são mais propensas a ter problemas na escola. "Elas têm dificuldade de se concentrar em algo que vejam como monótono. Não é fácil para elas suportar qualquer tipo de frustração, o que gera desinteresse", pontua a especialista, que foi dona de uma escola de educação infantil em Mogi Mirim (SP) por 18 anos.
Os educadores concordam que o melhor jeito de impor limites é participar das atividades dos filhos, orientando-os. E quem trabalha muito? "Tem de investir na qualidade do tempo que passa com o filho. Não adianta chegar cansado e só dar bronca porque o filho não fez o exercício. É preciso ter paciência para explicar o certo e o errado. Só dar ordens não impõe limites, mas pode criar uma pessoa revoltada ou que aceita tudo sem pensar", conclui Maria. (Fonte: Portal Vital Unilever)