O perfil das famílias brasileiras mudou. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 20% dos casamentos no Brasil são de pessoas que já tiveram um matrimônio anterior. Na maior parte das vezes, isso implica unir, num mesmo contexto, enteados, madrastas e padrastos – o que não é nada fácil. Afinal, trazer um novo parceiro para a rotina dos seus pequenos ou aprender a conviver com os filhos do atual companheiro, por exemplo, requer muita dedicação, paciência e compreensão.
Roberta Palermo, terapeuta familiar e autora dos livros "Madrasta, quando o homem da sua vida já tem filhos" e "100% Madrasta – quebrando as barreiras do preconceito", diz que essa é uma situação de adaptação para todos os envolvidos. Assim, é fundamental que o adulto passe segurança para a criança.
"O ideal é que tudo seja conversado, mas os pais devem deixar claro que estão no comando. Existe uma hierarquia: o casal decidiu começar uma vida amorosa, e os pequenos precisam receber o novo membro familiar com respeito", afirma.
Por sua vez, Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar, explica que para a relação começar bem, a madrasta ou o padrasto deve se aproximar do enteado com cautela, sempre demonstrando que não há qualquer tipo de competição e que o amor do pai ou da mãe em relação a ele não vai mudar. "É preciso também estabelecer o papel de cada um, afirmando que o(a) parceiro(a) não está ali para substituir ninguém", completa.
Como impor limites
Conquistar a simpatia dos enteados é importante, mas um dos pontos mais complicados é a participação efetiva na educação, principalmente porque isso envolve autoridade e imposição de limites. Roberta esclarece que essa responsabilidade é sempre dos pais. São eles que precisam mostrar quais são as "regras do jogo" e estabelecer se seus companheiros têm ou não liberdade para fazer cobranças.
"O que não funciona é o padrasto ou a madrasta chegar com uma norma que nunca foi exigida antes. Nesses casos, é preciso entender primeiro a situação antes de conversar com a criança, porque a sua rotina pode ser diferente", destaca Roberta.
Nas situações em que um dos pais é ausente e a convivência com a madrasta ou padrasto é mais próxima, Marina afirma que a interferência na educação pode ser efetiva, já que o cônjuge terá um papel maior na vida familiar. "Sempre lembrando que se deve conversar com o parceiro sobre qualquer decisão a ser tomada, pois a autoridade ainda está com a mãe ou o pai", diz.
Dicas dos especialistas
Se você quer obter mais informações e trocar ideias com pessoas que já passaram por isso ou que ainda vivem essa situação, a terapeuta Roberta Palermo mantém um fórum constante sobre o assunto. Acesse http://madrasta.forumattivo.com/ e participe. (Fonte: Portal Vital / Unilever)