Para driblar a crise e manter a estabilidade financeira, é necessário que todos tenham um planejamento bem definido. Para isso, pessoas físicas e também jurídicas devem seguir um primeiro passo: conhecer as receitas e despesas, ou seja, quanto de dinheiro entra e quanto sai em um determinado período de tempo. De acordo com Marcelo Ortega Massambani, mestre em Economia Regional e Urbana e professor da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) Londrina e da UEL (Universidade Estadual de Londrina), esse controle pode ser feito por meio de anotações, de planilhas ou de aplicativos específicos.
Como indica Massambani, de acordo com dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) e da CNC (Confederação Nacional do Consumo de Bens, Serviços e Turismo), 64,7% das famílias entrevistadas no mês de outubro relataram ter dívidas. Desse total, 78,9% apontaram endividamento com cartões de crédito; 15,5% com carnês e 9,5% com o financiamento de veículos. Para o professor, os números são expressivos e chamam atenção.
Mesmo com a dificuldade para extinguir as dívidas, o docente indica que existe solução. "Comece criando um diagnóstico, identifique todos os gargalos das dívidas, compare com suas receitas e descubra sua situação financeira. Apure, por exemplo, todo o saldo devedor, taxas de juros que são cobradas, etc. Dessa forma você vai saber o real tamanho do endividamento", aponta o professor como um primeiro passo a ser seguido.
Em seguida, o especialista indica que é necessário elencar as principais dívidas, criando prioridades, já que é difícil quitar todas de uma única vez. "Dê preferência às dívidas com juros maiores, como cheque especial e cartão de crédito. Uma outra dica é pagar, também, as pequenas dívidas, pois isso gera motivação", aconselha.
A próxima fase, conforme o professor, é negociar. "Não tenha vergonha ou medo de renegociar suas dívidas. Após negociado, é importante honrar os compromissos assumidos, evitando assim um novo endividamento, ou seja, só assuma um compromisso que caiba no seu bolso", indica.
Por fim, Massambani indica que precisa haver uma mudança de hábito na pessoa endividada. "Cumpra o planejamento e suas metas e não caia mais na armadilha do endividamento", sugere o especialista.
Muitas pessoas podem ter dúvidas quanto à elaboração do planejamento financeiro. Para isso, o professor dá as principais dicas. "O primeiro passo é definir seus objetivos, tais como aumentar o patrimônio, realizar uma viagem e outros. Depois deve-se pensar em qual prazo quer realizar as metas. Em seguida, estime o valor necessário para alcançar tal objetivo e tente ser o mais realista e objetivo possível. É importante pensar em como o objetivo será atingido: investimentos na poupança, no tesouro direto e outros", aponta.
Para o professor, é possível poupar e não se endividar mesmo ganhando pouco. Massambani indica que, independente do montante, é importante que pelo menos uma parcela do valor seja guardada, já que o acumulado se torna relevante no final.
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.