No dia 12 de outubro é comemorado nacionalmente o Dia das Crianças. Um dos assuntos mais discutidos a respeito dos pequenos é a alimentação. É comum ouvir o termo "paladar infantil” para caracterizar as pessoas que não gostam de diversos grupos de alimentos, porém essa adaptação depende de como a comida é apresentada à criança no início da infância.
Quando se trata de Introdução Alimentar, existem diversas dúvidas sobre como, quando, e quais alimentos apresentar à criança, pois existem diferentes métodos, diversas fases pelas quais o bebê passa, entre outros fatores, que influenciam esse período de aprendizagem. Vale a pena entender um pouco para proporcionar uma experiência enriquecedora e tranquila para a família.
Segundo Priscila Moraes, médica pediatra e alergista da Docway, o recomendado é que as crianças a partir dos seis meses de idade comecem a ingerir alimentos sólidos. Nessa idade, normalmente, a criança já consegue se sentar sozinha, pegar objetos e leva-los a boca. Por isso, é importante que haja firmeza do tronco e que tenha estabilidade para se concentrar naquilo que está em sua mão, para poder realizar o movimento de trazer o alimento até a boca. Além disso, é por volta dos 6 meses que o intestino está mais maduro para receber o alimento sólido, fazendo uma melhor digestão e evitando a constipação.
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Em relação aos tipos de alimento naturais que podem ser introduzidos à dieta, não há nenhuma restrição, já que "diferente do que se pensava antigamente, ovo deve ser oferecido desde o início da introdução alimentar, pois atrasar seu consumo pode favorecer o aparecimento de alergias. O mesmo serve para o peixe, que pode ser oferecido nos primeiros meses” explica a pediatra.
Já referente aos preparos industrializados, doces e temperos prontos, há ressalvas. O ideal seria não permitir que a criança os ingerisse até completar dois anos.
Segundo a especialista, existem alguns grupos de alimentos que são sugeridos para as crianças: cereais, tubérculos e raízes (arroz, batata e mandioquinha); carnes em geral; leguminosas (vagem, feijão, ervilha) e legumes e verduras.
A pediatra aponta que existem três métodos para fazer a introdução alimentar. São eles:
Tradicional - Esse método é feito com a já conhecida papinha, oferecida com colher, amassada, e a partir dos oito meses de idade da criança, servida com pequenos pedaços. Nesse método, os alimentos devem ser triturados com um garfo, e as carnes podem ser desfiadas ou moídas, sempre respeitando a capacidade de mastigação do bebê.
BLW (Baby-Led Weaning) - Consiste na oferta de alimentos em pedaços, tiras ou bastões. Em geral, não inclui alimentação com a colher e nenhum método de adaptação de consistência para preparar a refeição, como amassar, triturar ou desfiar. A abordagem encoraja os pais a confiarem na capacidade da criança de se alimentar sozinha, sem interferências.
Participativa - Nesse caso, o bebê é o agente ativo do processo, porque ele mesmo escolhe o alimento que vai comer. Porém, é assistido pelos pais, que intermedeiam as preferências dele e o ajudam enquanto ele não tem habilidade ou eficiência na ingestão adequada de nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.
Não há um método que seja mais indicado que o outro, mas seria interessante uma mescla entre eles. "O ideal é que o lactente receba os alimentos amassados oferecidos na colher, mas também experimente com as mãos, para explorar as diferentes texturas dos alimentos, como parte natural de seu aprendizado sensório motor”, sugere Priscila.
Por fim, a especialista dá algumas dicas para tornar a introdução alimentar algo prazeroso e divertido para a criança e para os pais. A primeira sugestão oferecer ao bebê um prato colorido, para que ele identifique o que cada alimento é. É importante, ainda, fazer do processo de introdução alimentar algo divertido. Por isso, é indicado não forçar e não exigir que a criança coma de tudo. É preciso ter paciência e ser flexível.
A segunda dica da pediatra é sempre insistir em oferecer um alimento para a criança, mesmo que ela rejeite em um primeiro momento.
A médica aponta ainda que é importante que os pais não utilizem liquidificador e peneira na preparação do alimento. Segundo a especialista, "com o liquidificador, as fibras são rompidas e aumenta a chance de constipação intestinal. A peneira faz com que o alimento perca sua consistência e isso facilita a seletividade alimentar mais tarde".
É importante, também, que os pais não ofereçam açúcar e produtos industrializados para as crianças nos primeiros anos de vida. Segundo a pediatra, o paladar da criança fica viciado no açúcar e nos condimentos, o que aumenta o risco de obesidade e desnutrição funcional.
Por último, mas não menos importante, a especialista sugere evitar o uso de equipamentos eletrônicos durante as refeições. Isso porque, com o dispositivo, a criança pode se distrair e, com a distração, perder o apetite.