Família

Saiba como agir quando seu filho começa a beber

25 set 2012 às 11:12

Os adolescentes estão bebendo cada dia mais cedo, aumentando muito as chances de grande parte desses jovens desenvolverem o alcoolismo. Esse problema se repercute em quase todo o mundo e na maioria dos casos os pais não sabem como lidar com essa situação.

O alcoolismo na adolescência deve ser tratado com muita atenção, pois pode levar à dependência. Aos pais, que têm papel fundamental na educação e formação de comportamentos dos filhos, cabe orientar e dar bons exemplos. E lembre-se: se sentirem que estão perdendo o controle da situação, o melhor é procurar ajuda médica ou psicológica para orientação.


Droga legal e socialmente aceita


O álcool é considerado perigoso para o adolescente por motivos diversos, mas principalmente por ser uma droga legal e de fácil acesso. Apesar das bebidas alcoólicas serem proibidas para menores de 18 anos no Brasil, elas são socialmente aceitas e a fiscalização é praticamente inexistente. Na maioria dos casos, os jovens bebem sem limites e sem conhecimento dos pais em festas, baladas e bares, locais onde as bebidas são distribuídas livremente.


Outro fator é que a bebida é considerada um elemento de socialização, de autoafirmação e de inclusão no mundo adulto. Além do estímulo da propaganda e dos amigos, muitas vezes o contato com o álcool é propiciado pelos próprios familiares do adolescente. Os pais não têm em relação ao álcool, por exemplo, o cuidado que costumam ter com a maconha.


Segundo pesquisas realizadas pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), 80% dos adolescentes já beberam algum dia e 33% dos estudantes do ensino médio consumiram álcool em excesso no mês anterior ao levantamento. De acordo com o Irmandade de Alcoólicos Anônimos do Brasil (AA), o número de jovens que procuram as reuniões aumentou muito nos últimos cinco anos.


Construção da identidade


O problema do consumo de álcool na adolescência, como lembram os psicólogos, é que esta é uma fase de construção da identidade. Portanto, é particularmente ruim que nessa idade o indivíduo se habitue a experimentar situações específicas estando sobre o efeito do álcool, como festas, praias, namoros e relações sexuais.


Assim, criam-se associações entre o uso de bebidas e as sensações de prazer, de modo que o consumo alcoólico vai se tornando frequente, o que abre caminho à dependência, que pode ser tanto física quanto psicológica.


Segundo os especialistas, a dependência decorre, entre vários fatores, de o álcool ser uma droga que proporciona simultaneamente reforços positivos (desperta sensações de prazer) e negativos (alivia sensações de desprazer). É comum, por exemplo, os dependentes combaterem os efeitos desagradáveis da ressaca começando a beber novamente.


Segundo Antonio Carlos Olivieri, escritor e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação, o fenômeno da dependência está associado ao da tolerância, ou seja, a necessidade de se ingerir mais rapidamente quantidades cada vez maiores de álcool para se chegar ao estado de embriaguez. Desse modo, em vez de ficar "alto" passa-se logo ao "chapado". A partir daí, os efeitos da bebida podem ser devastadores tanto no nível social, quanto no psicofisiológico.


Por que os jovens bebem


De um modo geral, os jovens usam bebidas para afastar a timidez e ganhar energia. É isso que indica um artigo publicado na versão on-line da revista Psychology of Addictive Behaviors mostrou que efeitos positivos, como a perda de timidez, justificam o abuso de bebidas alcoólicas e seus efeitos negativos, como passar mal e vomitar. O estudo foi realizado por psicólogos da University of Washington, nos Estados Unidos.


A pesquisa contou com cerca de 500 universitários que completaram um formulário on-line que avaliava a frequência com a qual os participantes bebiam. Também fazia parte do teste saber quais prejuízos, como ressaca, desmaio e brigas, já haviam sido enfrentados pelo excesso e quais benefícios, como perda de timidez, melhor habilidade para contar piadas e energia para ficar até o fim da festa, haviam sido ganhos.


Os resultados mostraram que a maioria dos entrevistados se sujeitaria a sofrer todos os efeitos de beber em excesso novamente. Além disso, eles apontaram as experiências positivas como superiores em importância e mais prováveis de acontecer no futuro.


Segundo os psicólogos, o estudo sugere que, mesmo após experimentar as consequências negativas do excesso de bebida, a maioria das pessoas não opta por mudar o seu comportamento.


O papel dos pais


Seja o exemplo: os pais são exemplos para os filhos, portanto não adianta proibir o adolescente se existe consumo de bebidas alcoólicas dentro de casa.


Tenha diálogo: a conversa é muito importante em todos os momentos. Pergunte ao seu filho o que ele está sentindo e o que pensa sobre o consumo de bebidas alcoólicas.


Limites: imponha regras e limites para seu filho. Deixar que ele vá a uma festa é tolerável, porém estabeleça horários para chegar em casa.


Não de bebidas alcoólicas a ele: deixar que tenha bebidas alcoólicas em festas de aniversários e outras comemorações pode parecer que os pais aprovam esse consumo ilegal.


Explique os efeitos da bebida: que é proibido todos eles já sabem, porém esclareça os motivos pelos quais existe essa proibição.


Conheça os amigos: é muito importante que os pais saibam com quem seus filhos estão se relacionando. Convide os amigos dele para irem a sua casa e observe os comportamentos.


Verifique os locais: é indispensável saber os locais que seu filho frequenta, principalmente se são vendidas bebidas alcoólicas nesses ambientes.

Fique atento aos sinais: alguns sinais podem indicar que seu filho está abusando do álcool. Preste atenção em qualquer mudança de comportamento, se ao chegar em casa ele tem hálito forte, se sai com muita frequência, se tem amizades suspeitas e se perdeu o interesse pelas atividades diárias.(Fontes: Como Cuidar e Antonio Carlos Olivieri, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação)


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