Danças, desafios, dublagem: tudo aparentemente muito divertido. Mas as interações com os seguidores do TikTok muitas vezes são alvo de preocupação. Quais são os efeitos de influenciar e ser influenciado? Qual é o custo que isso traz para a vida de uma pessoa – especialmente dos mais jovens?
A internet nos dá a falsa sensação de que somos importantes para alguém, há uma busca do amor do outro, ser fonte de desejo – seja por visualizações, likes, comentários ou monetização. Essa má interpretação nos leva a publicar cada vez mais.
Em relação às crianças, o tema é ainda mais espinhoso. A superexposição pode construir uma compreensão errada sobre ganhos financeiros, o que acaba gerando comportamentos relacionados à pedofilia e prostituição. A psicóloga Ana Brígida Paula, da clínica Bem Multiprofissional, ainda ressalta que a superexposição de crianças e adolescentes nas redes pode impactar na autoimgaem, na autoestima, desenvolvimento de transtornos alimentares, dificuldade em interações sociais, confusão do que é o mundo real e o mundo virtual. Podendo contribuir, até mesmo, com o desenvolvimento de ansiedade e depressão.
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“As crianças não possuem habilidade cognitiva para ter o discernimento. Os pais são os responsáveis. Portanto, devem pensar muito se vale a pena permitir a exposição de seus filhos, especialmente em danças sensuais, com poucas roupas”, aconselha a psicóloga. Para ajudar os pais a saber qual o limite, ela aconselha que a primeira coisa a fazer é se perguntar "o que eu quero que as pessoas vejam dos meus filhos?". "A partir de uma postagem, os pais ou responsáveis precisam estar prontos para sofrer as consequências que possam vir, porque as vezes um dano pode ser reparado, mas talvez o psicológico e o emocional, não", complementa Paula.
Os pais podem começar aproximando-se de seus filhos, saber qual conteúdo a criança ou adolescente vê e consome, o que ele faz na Internet, com quem ele tem contato, acompanhando para saber se a criança está exposta a algum risco. A profissional comenta que "em muitos momentos os pais precisam ser autoridade, o que pode e o que não pode dentro da nossa casa, e não os filhos. São os pais que dizem o que é possível, explicando o motivo e quais os riscos". Isso porque em muitos aplicativos as crianças estão expostas a estranhos, conteúdos inadequados e desafios - uma das atrações do TikTok, mas que podem ser perigosos para crianças e ter conotação sexual.
A forma de abordar o assunto depende da faixa etária da criança, mas de modo geral, a psicológa recomenda que para começar a falar sobre o tema, deve-se primeiro falar da importância e do amor que os pais e a família tem pela criança, e que por isso ela precisa de proteção enquanto não tem discernimento. Ressaltar que existem pessoas que não são boas, tanto na vida real como na internet e é importante esse cuidado e essa filtragem do que vamos ou não mostrar. "Eu indicaria para os pais ir pelo caminho do amor, do afeto, com limites, deixando claro que é uma preservação de algo que é especial e que a gente pode ser sem aparecer", conclui a psicóloga.
O que está em jogo são mais que as visualizações e as curtidas, mas sua própria vida.
- Pense no que quer que os outros vejam.
- Qual a imagem que eu quero passar?
- Estou pronto para sofrer as consequências?
- Quero estar vulnerável? Estou disposto a tudo?
- Faço qualquer coisa para ser visto? Para chamar atenção?