A decisão de muitas mulheres de ter um filho mais madura contribuiu para aumentar, nos últimos 20 anos, os diagnósticos de Síndrome de Down. A notícia foi divulgada por meio de um relatório da Queen Mary University de Londres. Publicado na revista British Medical Journal (BMJ), o estudo apontou que o número de casos identificados, entre 1989 e 1990, na Inglaterra e, em Gales, foi de 1.075. No período de 2007 e 2008, no entanto, o número saltou para 1.843, um aumento de 71% atribuído à maternidade mais tardia. Segundo os dados do estudo, a probabilidade de ter um bebê com Síndrome de Down é de uma, entre 940 mulheres, com mais de 30 anos. O índice cai mais ainda no caso das que optam pela maternidade acima dos 40 anos, uma, em cada 85 mulheres britânicas.
Realidade nos consultórios
Os dados apresentados pela pesquisa britânica representam a realidade brasileira também. "O adiamento da gravidez é uma escolha muito comum das mulheres, nos dias de hoje. O número de grávidas ou mulheres tentando engravidar na faixa, entre 30 e 40 anos, tem aumentado nos últimos anos. Pelo menos 20% das mulheres aguardam até os 35 anos para iniciar uma nova família. São muitos os fatores envolvidos na decisão de adiar a maternidade: a estabilidade profissional, a espera por um relacionamento estável, o desejo de atingir segurança financeira, ou, ainda, a incerteza sobre o desejo de ser mãe", afirma Joji Ueno, doutor em Ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP.
À medida em que a mulher envelhece, seus óvulos também envelhecem, tornando-se menos capazes de serem fertilizados pelos espermatozóides. "Outro fator a ser ponderado é que a fertilização desses óvulos está associada a um risco maior de alterações genéticas. Por exemplo, alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down, são mais comuns em crianças nascidas de mulheres mais velhas. Há um aumento contínuo no risco desses problemas cromossômicos conforme a mulher envelhece", afirma Joji Ueno, diretor da Clínica GERA.
Quando os óvulos com problemas cromossômicos são fertilizados, eles têm uma possibilidade menor de sobreviver e crescer. Por essa razão, mulheres que estão acima dos 40 têm um risco aumentado de abortos espontâneos também. As taxas menores de gravidez em mulheres acima de 40 são, em grande parte, devidas ao aumento de óvulos com problemas cromossômicos. "Já quando os óvulos são coletados em mulheres de 20 a 30 anos, fertilizados e colocados no útero de uma mulher com mais de 40, a chance de gravidez na mulher mais velha é muito maior do que ela poderia esperar, se tivesse utilizado seus próprios óvulos", explica o médico.
O sucesso no emprego das técnicas de doação de óvulos confirma que a qualidade do óvulo é uma barreira fundamental à gravidez nas mulheres mais velhas. "Embora a idade, hoje, não se constitua numa barreira intransponível à gravidez, qualquer tratamento de infertilidade, exceto a doação de óvulos, terá menos sucesso em mulheres acima de 40 anos", diz Joji Ueno.
Idade avançada da mãe = importância do PGD
Uma das aplicações claras do PGD - Diagnóstico Pré-implantacional - está relacionada com a idade materna avançada, comum entre as pacientes que procuram as clínicas de reprodução assistida. Estas pacientes, normalmente, demonstram insegurança quanto ao risco de malformações fetais, cuja incidência é diretamente proporcional à idade materna", explica Joji Ueno. O PGD permite separar os embriões portadores de algum tipo de desordem genética, transferindo para o útero materno apenas os embriões saudáveis, beneficiando principalmente casais com alto risco genético, como doenças de etiologia autossômica dominante ou recessiva.
Veja a relação de algumas das doenças que podem ser evitadas com a realização do PGD:
-Trissomia do Cromossomo 13: responsável pela Síndrome de Patau;
-Trissomia do Cromossomo 18: responsável pela Síndrome de Edwards;
-Trissomia do Cromossomo 21: responsável pela Síndrome de Down;
-Hemofilia;
-Síndrome de Turner;
-Coréia de Huntington;
-Distrofia muscular progressiva;
-Fibrose cística;
-Síndrome do X-frágil.
Serviço:
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