A relação das pessoas com o trabalho tem mudado muito nos últimos tempos. Não vigora mais apenas a satisfação de fazer uma fatia do processo porque é necessário ter dinheiro, a busca por felicidade e propósito na profissão é uma realidade.
Aborrecimentos e questionamentos fazem parte de qualquer atividade, porém segundo a psicóloga, coach e fundadora da Viva Desenvolvimento Humano, Marcia Ramires, a recorrência de alguns comportamentos podem ser sinais de alerta.
"Temer o domingo à noite, chegar no trabalho já contando os minutos para ir embora, ficar imensamente feliz quando chega a sexta-feira e triste no domingo, desejar que o tempo voltasse para o fim de semana, além da desmotivação que não deixa enxergar formas de melhorar a performance podem indicar que a insatisfação vai além", explica.
Mas como saber se a causa é um descontentamento com o emprego, por uma incompatibilidade de valores com a empresa, por exemplo, ou então, um indício de que a carreira não faz mais sentido?
"Quando a pessoa identifica que não há mais propósito e motivação para realizar suas tarefas e se questiona diariamente o que está fazendo naquele emprego são indícios que confirmam que a profissão atual não faz mais sentido. Essa é a hora de buscar uma transição de carreira", explica Marcia.
Porém, algumas vezes, a insatisfação está ligada ao emprego atual, como: problemas de relacionamento com o chefe, disparidade com a cultura, os valores ou o estilo de trabalhar da empresa, mas não necessariamente com a carreira.
"É necessário analisar bem para evitar decisões precipitadas e arrependimentos. Se a companhia atual for o problema, o plano é buscar novas oportunidades em organizações mais condizentes com o perfil da pessoa. Contudo, nesses casos é de suma importância desenvolver os aspectos limitantes, do contrário é bem provável encontrar as mesmas questões em outro lugar", pondera a psicóloga.
Outro cenário é, a partir de um certo momento, não se identificar mais com determinada função dentro da profissão escolhida, mas amar a área. "Essa então é a hora de revisitar as demais possibilidades do campo de atuação e, então, fazer uma transição dentro mesmo da área", ressalta.
Quero mudar de carreira, e agora?
Se o motivo da insatisfação realmente for a área de atuação, vem a etapa de identificar para qual profissão migrar. A coach pondera a importância de trabalhar crenças limitantes em relação a essa transição.
"Pensamentos como, sou velho para esse tipo de mudança, não posso mudar de emprego porque preciso pagar as contar ou, até mesmo, vou continuar infeliz porque o importante é que estou dando orgulho aos meus pais podem trazer conformismo e estagnar os planos de revigorar a vida profissional", diz.
Entretanto, a psicóloga adverte que é necessário entender que viver o propósito não é sinônimo de uma vida sem chateações. "Mesmo ao se deparar com um chefe que não seja compatível com seus valores, a certeza de fazer a diferença e impactar positivamente a vida das pessoas vai te dar ânimo para levantar todos os dias", completa Marcia.
Veja algumas dicas para ajudar a identificar a nova profissão de interesse e traçar um plano de transição:
-Liste aquilo que você gosta de fazer e que lhe dá prazer, assim conseguirá direcionar a escolha da nova carreira. Por exemplo, se gosta de trabalhar com pessoas, você já sabe que não adianta escolher algo onde isso não esteja presente;
-Enumere também aquilo que você já sabe de cara que não gosta, isso vai ajudar no direcionamento do que está buscando, esse item também irá contribuir com a nova proposta;
-Faça uma pesquisa sobre a profissão que deseja migrar, isso inclui desde tarefas até a parte salarial;
-Se planeje financeiramente. Caso ainda não tenha experiência nessa nova carreira, a condição salarial poderá ser diferente da sua realidade atual;
-Converse com pessoas da área para entender como funciona o mercado de trabalho e tirar dúvidas;
-Faça cursos para se especializar e ampliar o networking;
-Monte uma rota de ação para a sua transição de carreira, com etapas e ações para efetivar a transição.