"Conhece-te a ti mesmo” certamente é um dos aforismos mais famosos da história e, apesar de ter sido apropriado por diversos autores ao longo do tempo (incluindo Sócrates), o breve pensamento foi compreendido como uma mensagem do deus grego Apolo para que os mortais buscassem o autoconhecimento e que só assim seriam capazes de conhecer todas as verdades sobre o mundo.
O que fica claro quando você considera nosso modus operandi, é que os humanos são programados para o esquecimento de si mesmos. E que todos nós precisamos dedicar tempo e esforço consideráveis à auto-observação como um investimento em nossa felicidade de longo prazo.
Que tipo de autoconhecimento vale a pena ter?
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Obviamente, o tipo de autoconhecimento que Sócrates estava se referindo provavelmente não era qual é a sua cor ou comida favorita. Embora informações como essas tenham lá sua importância, saber disso não irá melhorar a sua qualidade de vida.
Então, o que vale a pena saber sobre você? Aqui estão algumas coisas que você pode começar a se questionar, e a compreender o quanto sabe sobre si mesmo:
Como você se sente a respeito de seus pais e sua infância?
Quais são as situações que te tiram do sério?
Quais os critérios que você utiliza para tomar decisões?
O que te torna uma pessoa difícil de se lidar? E o que facilita suas relações?
Como você reage diante do estresse?
Como você lida com críticas?
Qual o tipo de trabalho que mais tem a ver com a sua personalidade?
Quais características mais te atraem em outra pessoa?
O que te deixa mais entusiasmado?
O que faz o seu tempo valer a pena?
Classifique de 5 a 10 coisas mais importantes na sua vida.
Esses são apenas alguns princípios básicos que todos precisamos entender sobre nós mesmos. Pode levar tempo para algumas pessoas (para não dizer a maioria), e existem motivos pelos quais sentimos dificuldade em encontrar respostas "tão simples”. A seguir, você verá alguns deles, e poderá se identificar sem grandes dificuldades:
1. Muito do que você faz é inconsciente
Quando dissemos que estamos programados para o esquecimento de nós mesmos, enaltecemos a questão do "piloto automático”, uma reação muito mais orgânica do que permanecer consciente a todo momento de nossos sentimentos, intenções e comportamentos.
2. Somos movidos por nossos impulsos básicos
Em relação ao primeiro ponto, somos comandados por desejos grosseiros de estarmos confortáveis e de sentir prazer. E preferimos continuar assim, sem sair da zona de conforto, sem "chegar lá”.
Nosso inconsciente abriga desejos e sentimentos que muitas vezes desafiam uma nova versão de nós mesmos. Mas, se você olhar mais de perto, verá que a sua carreira, ou o seu relacionamento, talvez não sejam os mais adequados ou que precisam de ajustes mais refinados.
Culturalmente, estamos muito mais interessados em avançar, no sucesso, do que na introspecção e na reflexão. Mas, na verdade, um depende do outro. E é por isso que vemos tão constantemente pessoas cheias de posses, mas incompletas por dentro. Você tem certeza de que quer ser assim?
3. Nos identificamos com nossos pensamentos
Nós nos identificamos muito com nossos pensamentos não apenas isso, mas estamos conectados a uma soma de mente, corpo e sentimentos.
A partir do momento em que você acredita estar 100% conectado ao seu pensamento, você limita o seu conhecimento, seus relacionamentos e a sua percepção de mundo. Por isso que muitos especialistas nos encorajam a sermos observadores de nossas próprias mentes.
Um dos primeiros passos para se ver livre desse ciclo é se desprender do ego, e se permitir aprender e absorver com o próximo, com as situações, com a vida.
4. Somos enganados por nossos sentimentos
Além de estarmos constantemente presos aos nossos pensamentos, naturalmente nós estamos presos à interpretação dos sentimentos (e constantemente enganados por eles).
Mas a verdade é que sentimentos são mutáveis, às vezes em questão de segundos, assim como os pensamentos. E aí você deve se questionar novamente: será que eu realmente sou tudo isso? Provavelmente chegará à resposta que não.
Imagine um mundo onde todas as pessoas agissem com base em seus sentimentos; e um mesmo mundo onde o pensamento racional fosse lei. Seria o caos, não é mesmo?
Então pense agora, com a razão e o coração, sobre o conceito de autoconhecimento. Esse é um aspecto que exige que suspeitemos saudavelmente de nossos sentimentos e pensamentos, a fim de encontrar um ponto de equilíbrio.
Como desenvolver o autoconhecimento
Já dizia um provérbio africano: "quando não há inimigo interno, os inimigos externos não podem nos ferir”. Portanto, o autoconhecimento é uma das habilidades mais importantes para que você finalmente atinja o sucesso (não apenas material, que fique claro), e a plenitude em suas conquistas.
O modo como você se comporta e responde a situações externas é governado por processos mentais internos. E a jornada da autodescoberta tem o poder de revelar padrões e hábitos destrutivos, levando o indivíduo a uma melhor tomada de decisões e comportamentos. Mas como começar? Veja alguns exercícios que podem te ajudar a se conhecer melhor.
1. Questione-se sobre tudo
Pense sobre as coisas que você gosta. Por que você gosta delas? De onde vem o seu interesse? Quando começou? Elas estão alinhadas ao seu caráter e personalidade?
Tente pensar sobre esses questionamentos e tome nota das conclusões que chegar. Isso lhe ajudará a visualizar melhor o panorama da situação e a traduzir pensamentos e sentimentos em uma linguagem mais clara e compreensível.
Se você conseguir encontrar três bons motivos para continuar gostando de algo ou fazendo determinada coisa, você certamente se tornará mais confiante em suas próximas ações.
2. Aprenda a dizer "não” às tentações
A capacidade de dizer "não” a si mesmo para adiar um prazer de curto prazo é uma habilidade incrível. Mas, assim como um músculo, ela exige exercícios constantes. Quanto mais você praticar dizer "não” a pequenos desafios diários, maior será a sua resistência a grandes tentações.
Existem muitas tentações por aí mídias sociais, fast foods, fofocas, procrastinação... Então estabeleça uma meta de dizer "não” a cinco diferentes tentações diariamente.
3. Faça listas
Prepare uma lista com coisas que você costumava gostar no passado, e outra com o que gosta de fazer agora. Pense grande e de forma ampla; você pode colocar tópicos variados, como tocar um instrumento, ler um livro ou ir a determinado lugar.
Apenas não deixe que questões práticas limitem o seu processo, como idade ou dinheiro. Depois que terminar a lista, releia tudo o que escreveu. Existem itens que você ainda pode incorporar na sua vida?
4. Tenha autocompaixão
A jornada do autoconhecimento também nos convida a silenciar o turbilhão que pensamentos que estão constantemente assombrando, cobrando, angustiando e colocando para baixo muitas vezes desencadeando problemas como estresse e depressão.
Então, comece a prestar atenção à maneira como você responde a uma situação de sucesso e outra de fracasso você acha que todas as suas conquistas foram simplesmente um golpe de sorte? Ou que poderia ter feito melhor? Ou até mesmo que não merece reconhecimento?
Ser duro consigo mesmo é uma característica necessária, mas que precisa ser equilibrada com compaixão. Não deixe que os pensamentos te definam, e te invalidem. Celebre suas vitórias, mas se perdoe diante das derrotas.
5. Medite
Por último, mas definitivamente não menos importante, a meditação é uma prática fundamental para trabalhar o autoconhecimento.
Concentrar-se apenas na respiração é focar em um processo interno valioso. Durante esse exercício, você verá que a sua mente fará de tudo para te levar ao passado e ao futuro, e lhe trazer preocupações. No entanto, a partir do momento em que a meditação se tornar um hábito, você conseguirá se livrar dessas distrações com muito mais facilidade.
Para iniciantes, comece com sessões de dez minutos. Encontre um lugar tranquilo para se sentar, inspire pelo nariz e expire pela boca. Conte suas respirações silenciosamente, atraindo sua atenção para a respiração quantas vezes forem necessárias, sempre que sua mente divagar.
Foque no momento presente!