Família

'Dinheiro não é só para acumular', afirma especialista em mesada

21 fev 2021 às 17:00

Se alguém abrisse a carteira de um adulto de antigamente, ia encontrar lá, além dos documentos da pessoa, várias moedas e notas de dinheiro. Já se a carteira fosse de um adulto de hoje em dia, o que menos ia ter ali eram notas, mas sobrariam cartões dos mais variados tipos.


Cada vez mais, as cédulas, como é chamado o dinheiro em papel, estão dando lugar a outros tipos de pagamento das coisas. Além dos cartões, já é normal comprar usando só a internet, por exemplo.


Só que, quando a gente não consegue enxergar uma coisa, fica um pouco mais complicado de entender o que ela é ou como ela funciona.


Por isso, quando as crianças começam a lidar com o dinheiro, recebendo mesada ou pensando em comprar algo, uma boa ideia é que os pais ajudem nesse aprendizado mostrando o dinheiro físico, com notas e moedinhas.


Quem dá essa dica é Tiago Godoy, chefe do departamento de Finanças Pessoais da XP Investimentos. Ele explica que, para que todo mundo cresça sabendo usar melhor o dinheiro, a primeira providência é entender que ele é não é infinito.


"As famílias mostram que o dinheiro vem do trabalho. As crianças aprendem como se usa, e que usar o dinheiro é uma escolha", fala.


Ele diz que é importante conversar sobre dinheiro com os pais e responsáveis sempre que der vontade. Não só para tirar dúvidas, mas para evitar que este tema se torne um tabu, que é como os adultos chamam os assuntos que eles acham complicado de falar com os outros.


Antonio Altenfelder tem quatro anos e ainda não recebe mesada. Perto do Natal passado, encontrou em casa um cofre de porquinho. A mãe, Fernanda Tedde, então contou que dinheiro serve para comprar as coisas que ele quer ganhar de presente.


Agora, Altenfelder pede moedas para a família sempre que pode. "Cada dia fala que guarda para uma coisa diferente. Já falou que quer ter rinocerontes, uma fazenda, muitos chicletes e chocolates. Agora fala que é para comprar a melhor fantasia do Power Rangers", conta a mãe dele.


"A fantasia verdadeira", corrige Altenfelder, que entendeu que, quando for adulto, vai precisar trabalhar para ganhar dinheiro. "Jogador de futebol ganha dinheiro? Eu vou ser um bom jogador quando eu crescer", planeja.


Luana Borin recebe R$ 40 por mês. Ela tem 11 anos e guarda a mesada para gastar no shopping, ou com dinheiro virtual no videogame.
"Eu gosto porque não tenho que ficar pedindo para a minha mãe", diz.


"Ela criou essa mentalidade de guardar, porém sempre tem um objetivo com o dinheiro", conta Nathalia Buscarino, mãe da menina.


Tiago Godoy comenta que é importante mesmo saber desde pequeno que o dinheiro é feito para atingir objetivos, e não só para ser acumulado.


"Criança tem que viver vida de criança, e não pensar em investir na bolsa", diz, brincando sobre a Bolsa de Valores.


Outra sugestão de Tiago é que, em vez de mesada, as crianças recebam semanada, porque pode ser difícil esperar tanto tempo quando ainda se é criança.


"Vamos supor que a ideia é comprar um joguinho que custa R$ 50. A criança pode anotar o objetivo, e pedir ajuda da família para uma pesquisa sobre o preço", ensina.


Pesquisa feita, é hora das contas. Se a semanada é de R$ 10, vai ser preciso economizar por cinco semanas tudo que entrar no cofrinho.


"Se no meio do caminho der vontade de comprar uma bala, e gastarmos parte do dinheiro, vamos ter que entender que o plano inicial foi mudado."


"Daí volta na anotação e faz a continha de quanto gastou. Depois é preciso comemorar quando conseguir comprar o brinquedo que queria, recompensando o próprio sucesso."

O especialista ainda lembra: a mesada não pode ser um pagamento pelas obrigações . "Não brigar com o irmão, fazer a tarefa da escola e ajudar com as coisas em casa é o certo. E o certo não é remunerável."


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