Os dias atuais exigem organização e disciplina de casais para que seus filhos recém-nascidos ou bebês possam receber todo o cuidado que merecem. A falta de tempo que muitos pais enfrentam gera preocupação, pois nem sempre é possível permanecer o quanto gostariam com os pequenos. Especialistas ligados à saúde das crianças na primeira infância afirmam que a qualidade de vida dos pequenos está diretamente ligada a um ambiente familiar e escolar tranquilos e com atividades que estimulem o desenvolvimento do bebê.
A pediatra e homeopata Rosana Mara Ceribelli Nechar avalia que há uma nova configuração na relação entre pais e filhos, sendo a falta de tempo dos pais um dos fatores que, segundo ela, clamam por uma adaptação na qualidade da convivência familiar. ''Os pais têm estado cada vez menos disponíveis. Quando essa rotina é marcada por sintomas de estresse, ansiedade, pressa excessiva, exigências exageradas, sentimentos de culpa, cobranças, é inevitável que todos sejam atingidos, pais e filhos'', diz.
Segundo a pediatra, é bastante frequente, na prática clínica, a observação em crianças de quadros patológicos relacionados à dinâmica familiar em desarmonia. ''A percepção e a sensibilidade dos pais, ao dedicarem habilmente o tempo, de forma equilibrada, de sua vida profissional e familiar, faz toda diferença, pois algumas crianças são verdadeiros ''para-raios'' do ambiente estressado doméstico'', ressalta.
Foi pensando em conciliar praticidade para a família e tranquilidade ao filho de 1 ano, Guilherme, que a ginecologista Patrícia Cordeiro Henriques Gomes, e seu marido, o professor Nilton Munhoz Gomes, levaram algum tempo até encontrar um local adequado para deixar o pequeno. Hoje, há dois meses no Centro Integrado Colo da Mamãe, Guilherme é um bebê feliz e já conseguiu dar seus primeiros passos 15 dias antes de completar o primeiro ano de vida. ''Deixar nosso filho num lugar onde temos a certeza de que será bem cuidado enquanto estivermos trabalhando nos proporciona a tranquilidade necessária para realizarmos todos os nossos compromissos'', afirma Nilton.
No centro, Guilherme e outras crianças contam com um atendimento multidisciplinar que vai desde uma alimentação individual, com acompanhamento de nutricionista, até atividades físicas com fisioterapeutas, pedagogas e auxiliares de enfermagem. Em breve, as crianças atendidas pelo centro poderão, inclusive, ser assistidas pelas mães por meio de câmeras que serão instaladas nos espaços comuns da escola. ''Esse tipo de ação me dá ainda mais tranquilidade, principalmente a presença de enfermeiras porque eu sei que no caso de uma emergência existe alguém capacitado para qualquer eventualidade'', comenta Patrícia.
A analista financeiro Jaqueline Sgarbossa é mãe de Miguel, de apenas 4 meses. Como ela precisou voltar a trabalhar, mas ainda conta com a produção de leite, todo dia vai até o Colo da Mamãe para retirar o alimento que o filho consome enquanto ela trabalha. ''Ele fica o dia todo aqui, mas leva uma rotina como se estivéssemos em casa. Mesmo eu estando longe, trabalho tranquila em saber que ele mamou o meu leite e foi bem cuidado, além de ter passado por atividades que o estimulam bastante'', comenta.
A pediatra Rosana Nechar lembra que antigamente as famílias eram numerosas, e os filhos mais jovens eram cuidados pelos mais velhos, mas hoje as famílias estão menores e muitos filhos únicos também carecem dos cuidados dos pais, que estão fora de casa boa parte do tempo. ''O que os filhos precisam são de pais e mães mais próximos, mais disponíveis, abertos a escutá-los, a discutir e orientá-los naquilo que eles lhes solicitarem, ou naquilo que os pais entenderem necessário faze-lo. Os cuidadores que substituem os pais enquanto esses trabalham são de fundamental importância, tanto para tranquilidade dos pais, como pela própria segurança da criança'', finaliza.