Uma em cada 10 mulheres em idade fértil convive com a endometriose no Brasil, atingindo 15% das mulheres entre 15 e 45 anos, o que corresponde a mais de 6 milhões de brasileiras, de acordo com o Instituto da Endometriose. Um das principais consequências da endometriose é a infertilidade, que afeta cerca de 40% das mulheres diagnosticadas com o problema.
A endometriose é uma doença causada pela descamação do endométrio (tecido que reveste internamente o útero) que, ao final do ciclo menstrual, sai do útero e vai para a área pélvica, prejudicando o aparelho reprodutor. O endométrio cresce todos os meses para preparar o útero para a gravidez. Quando a gestação não acontece, há um desprendimento das células desse tecido que são eliminadas na menstruação. Porém, há casos em que parte do material se desloca para regiões do corpo, como ovário, superfícies internas do intestino e da bexiga, caracterizando a endometriose.
Sintomas
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Os sintomas mais comuns da endometriose são cólicas fortes, alterações urinárias e intestinais no período menstrual, além de dor durante a relação sexual e, em vários casos, dificuldade para engravidar.
"É muito importante que as mulheres sempre observem o próprio corpo para aprender a identificar se algo está fora do habitual. Por exemplo, ela deve diferenciar uma cólica menstrual aceitável, que não atrapalha a condução de suas tarefas cotidianas, daquela dor intensa que gera desconforto para urinar ou evacuar, e assim, saber quando é a hora de procurar ajuda médica", destaca Nelson Valente, ginecologista do Laboratório Lego Medicina Diagnóstica.
Apesar de ser uma das enfermidades ginecológicas mais graves, a demora em descobrir e tratar o problema ainda é um desafio para a classe médica. Em contrapartida, os benefícios do uso contínuo de anticoncepcionais (contracepção contínua) no combate à endometriose são cada vez mais conhecidos e usados pelos ginecologistas.
Contracepção contínua
O controle da endometriose por meio da suspensão do ciclo menstrual foi um dos principais destaques do XVIII Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia, realizadona semana possada, em São Paulo (SP).
"A escolha pela contracepção contínua ajuda a prevenir e controlar a endometriose e outras doenças incapacitantes que podem levar à infertilidade", explica Rogério Bonassi, ginecologista da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e um dos palestrantes do encontro.
Parar de menstruar é algo cada vez mais comum entre as brasileiras. A escolha pela contracepção contínua, segundo especialistas, faz com que a mulher se livre dos desconfortos causados principalmente pela TPM, como inchaço, dores, cólicas e variação de humor, fatores que comprometem a qualidade de vida.
Acabar com as cólicas, a TPM, o inchaço e as dores de cabeça está na lista de sonhos das mulheres que entram numa zona cinzenta mensalmente, a cada vez que a menstruação se aproxima. Mas interromper o fluxo é uma decisão séria, que ainda causa polêmica e precisa ser analisada com cuidado, tanto pela paciente quanto pelo médico.
Decisão séria
Acabar com as cólicas, a TPM, o inchaço e as dores de cabeça está na lista de sonhos das mulheres que entram numa zona cinzenta mensalmente, a cada vez que a menstruação se aproxima. Mas interromper o fluxo é uma decisão séria, que ainda causa polêmica e precisa ser analisada com cuidado, tanto pela paciente quanto pelo médico.
"Antes de decidir, precisamos analisar exames hormonais e realizar um ultrassom do aparelho reprodutor. O tratamento só é indicado para mulheres que apresentam cólicas intensas, como as da endometriose, ou quando a TPM atrapalha a qualidade de vida. Existem mulheres que desejam parar porque detestam o sangramento", afirma a ginecologista Camila Cambiaghi.
O incômodo que o fluxo menstrual provoca, entretanto, não deve servir de motivo para interrompê-lo. Isso porque os efeitos colaterais desta escolha são sérios e podem abalar bastante a saúde: irritabilidade, ganho de peso, problemas hormonais e até o risco de depressão aparecem quando a menstruação é suspensa sem que isso seja parte de um tratamento médico contra TPM ou endometriose, por exemplo.
O método mais usado para conseguir suspender o ciclo consiste no consumo de hormônios, divididos em doses com pílulas diárias, injeções mensais ou trimestrais. "Mas mulheres que apresentam problemas na tireóide, por exemplo, devem evitar o tratamento, pois os hormônios podem prejudicar ainda mais o funcionamento da glândula", diz a médica.
Mas, não pense que é fácil acabar de vez com o ciclo menstrual. De acordo com a ginecologista, é possível que ele nunca acabe, mesmo com o uso de hormônios. Os pequenos sangramentos, aliás, são bastante comuns e não devem ser encarados como um problema ou sinal de que os hormônios não funcionam.
"Os sangramentos são bem menores e irregulares. Eles acontecem devido a um processo do organismo que não se acostuma com o fim do ciclo e tendem a sumir com o tempo", afirma Camila. No primeiro mês de consumo hormonal, os desconfortos causados pela variação no ciclo começam a diminuir, mas os efeitos do tratamento só são sentidos totalmente após um trimestre de cuidados especiais.
Gravidez
A especialista também explica as chances de engravidar voltam ao normal em poucos meses, caso a mulher interrompa as doses de hormônios. "O uso prolongado de anticoncepcionais hormonais interfere no ciclo menstrual da mulher. Após a interrupção, o organismo pode levar alguns meses para restabelecer o ciclo normal, ter ovulações e assim engravidar", afirma.