No mês em que se comemora o Dia das Mães, a efervescência de sentimentos é enorme, principalmente entre as mulheres que tiveram filhos há pouco tempo e que enfrentam os desafios de terem filhos recém-nascidos. Em um cenário tão delicado, cheio de dúvidas e medos como este marcado pela pandemia do novo coronavírus, os dilemas são ainda maiores.
Para as mamães de primeira viagem o desafio é grande, afinal, é um momento que toda a família se envolve e o auxílio de parentes e pessoas próximas – avós, tias, amigas – naturalmente acontece. Com o isolamento social em diversas cidades do país, muitas mães que estão na fase do puerpério, período que inicia após o nascimento do bebê, enfrentam esse momento sozinhas e ainda com mais receios do que os já habituais desta fase.
A psicanalista e professora do curso de psicologia da Unopar Arapongas, Fabiana Cavalcante Lopes, relata que o puerpério já um desafio por si só, sem pensar em fatores externos. "É um momento que surge a solidão materna, alterações hormonais, vulnerabilidade psíquica, a idealização do bebê versus a realidade da criança e a adaptação à nova realidade. São fatores que, antes da pandemia, já sensibilizavam a mãe, que precisa de todo o suporte de quem está à sua volta”.
Leia mais:
Aline Wirley e Igor Rickli apresentam filhos adotivos ao público
PRE reforça a obrigatoriedade de cadeirinha e assento elevado para crianças
Confira 5 dicas para evitar acidentes domésticos com crianças nas férias
Casal de Sarandi adota irmãos e vídeo do encontro da família viraliza nas redes sociais
A psicanalista explica que o mais desafiador agora é, sem dúvida, o distanciamento da rede de apoio presencial devido à Covid-19, associado à mudança de rotina em casa, aos afazeres domésticos ainda mais sobrecarregados e a presença dos outros filhos o tempo todo, já que muitos estão estudando a distância, com o fechamento temporário das escolas. "As mamães precisam entender que neste momento o medo é de fato real em meio a todo esse cenário, mas não há problema nenhum em senti-lo. Vale dizer que este não é um momento de colocar fardos e sim de retirar as cobranças sobre elas. É necessária cuidar delas, para que elas possam cuidar do bebê”.
Para aqueles que estão em contato direto com as mães dentro de casa ou que fazem parte da rede de apoio que não podem ajudá-las presencialmente, seguem algumas dicas da especialista.
Envie comida delivery ou comida congelada: todos sabem como a alimentação de uma casa ficou ainda mais complexa neste momento de pandemia, então toda comida enviada às mães auxilia demais o ambiente doméstico.
Busque roupas para lavar: se a proximidade social não é recomendada, buscar as roupas para que sejam lavadas na casa de parentes ou amigos é mais um fardo retirado dos ombros da puérpera no cenário do novo coronavírus, que exige uma higiene ainda mais rígida.
Sempre que for ao mercado, pergunte se a mamãe está necessitando de algo: com a impossibilidade de sair de casa neste momento, quem vai até o mercado ou está pedindo via delivery pode auxiliar a mãe atendendo a lista de compras dela.
Ouça mais, julgue menos: em meio a uma pandemia mundial, exigir das puérperas algum tipo de atividade ou julgar algumas ações pode ser extremamente insensível e fragilizá-la ainda mais. Conversar e ouvir os anseios da mulher, mesmo que seja de forma remota usando a tecnologia, vai fazer toda a diferença.
Se tiver em casa, faça o serviço e as refeições: para quem mora junto com a puérpera, seja marido, filhos ou parente, este é o momento de ajudar. A mulher não pode estar envolvida na rotina da casa de forma intensa e vai se sentir amada e acolhida se ver todos mobilizados para ajudá-la.