Priorizar contas essenciais, pedir descontos e organizar o orçamento para o médio e longo prazo podem ajudar trabalhadores que tiveram seus salários reduzidos ou suspensos com a crise do novo coronavírus.
Segundo dados do governo da última sexta-feira (15), 7,5 milhões de brasileiros com carteira assinada já tinham tido o salário cortado ou o contrato de trabalho suspenso.
Para ajudar no corte de despesas, a reportagem organizou dicas com a ajuda de planejadores financeiros e pessoas que já tiveram a renda reduzida.
Leia mais:
Aline Wirley e Igor Rickli apresentam filhos adotivos ao público
PRE reforça a obrigatoriedade de cadeirinha e assento elevado para crianças
Confira 5 dicas para evitar acidentes domésticos com crianças nas férias
Casal de Sarandi adota irmãos e vídeo do encontro da família viraliza nas redes sociais
As ações sugeridas começam com a manjada –mas indispensável– lista de despesas e também aquela conferida na conta bancária para saber quanto efetivamente era a renda mensal antes da redução do salário.
E Congresso e governo estudam ampliar o prazo de redução de jornada e salário para além de três meses, então convém fazer o planejamento pensando em um período mais longo de austeridade.
Quem teve o salário cortado em 25% tende a ter mais facilidade de ajustar o orçamento: especialistas estimam que gastos essenciais consomem ao redor de 70% do orçamento.
Já reduções mais bruscas de salário tornam o ajuste de contas mandatório.
No caso de quem teve redução de 70% ou o contrato suspenso (e passou a receber o valor equivalente do seguro-desemprego, com teto de R$ 1.813), a alternativa é tentar uma renda complementar.
É o que fez Giovanna Lavorato, 31. Arquiteta e ceramista, ela trabalha em um restaurante e teve a jornada e o salário reduzidos em 70%. Ela decidiu reativar a marca artesanal de cerâmicas que já tinha.
"Decidi aproveitar esse tempo para colocar mais energia na Girâmica para tentar uma renda extra. Ainda é um pouco experimental, mas estou descobrindo o meu caminho para quando esse período passar, eu já ter uma marca mais madura", afirmou Lavorato.
A planejadora financeira com CFP (Certified Financial Planner) Daniella Rolim recomenda que o negócio seja organizado com profissionalismo, como um plano B. Para isso, todos os custos com o projeto também precisam ser considerados.
"É preciso ter lucro, e não uma sobra de dinheiro. É importante detalhar gastos de produção, avaliar possíveis riscos de inadimplência", diz.
Lavorato tomou também uma decisão drástica e entregou o apartamento que alugava sozinha para morar com o namorado. "Precisei cancelar alguns planos e diminuir muito as minhas contas fixas, mas as prioridades mudaram".
O aluguel ou a prestação da casa própria costumam consumir 30% da renda mensal. A opção da arquiteta não serve como regra, e a solução é negociar com locatário ou com o banco a adiamento do pagamento dessa despesa.
O consultor de moda Rafael Brignani, 27, também cortou gastos tão logo foi comunicado do corte de 25% de salário e jornada na loja de departamento para a qual trabalha.
"As contas vêm no final do mês de qualquer jeito. Então eu me mexi: mudei o meu celular de pós para pré-pago, fiz um acordo para ter alguns meses para pagar pela internet e parcelei a fatura do cartão de crédito o máximo de vezes que consegui", disse.
Brignani adotou outra recomendação frequente: a maior parte dos prestadores de serviços tem se mostrado disposta a conceder prazo –sempre melhor que um calote.
Por outro lado, planejadores financeiros dizem que parcelar a fatura em dia do cartão de crédito precisa ser uma decisão realmente calculada porque isso significa pagar juros que antes não existiam.
No caso de perda maior de renda, ganhar prazo para pagar dívida é indispensável –e os bancos estão renegociando–, mas a conta ficará mais cara porque os juros ainda serão cobrados.