Mais e mais casais têm recorrido às técnicas de fertilização assistida para constituir família. Tanto porque as novas tecnologias têm aumentado as chances de sucesso, como porque homens e mulheres têm se dedicado mais à profissão nos primeiros anos da fase adulta, deixando para depois dos 30 ou 40 anos a realização desse propósito. O problema é que muitos casais não aguentam a pressão se não receberem acompanhamento psicológico. Além de não ser fácil enfrentar um diagnóstico de infertilidade, as fases do tratamento podem provocar um grande desgaste emocional em quem não estiver preparado.
"Além de oferecer suporte emocional, o acompanhamento psicológico leva a uma análise mais profunda dos sentimentos e atitudes. É indispensável ver a pessoa em sua totalidade - clínica, física, social, emocional e espiritual - para prover o suporte adequado, que certamente contribuirá muito para o sucesso do tratamento", diz Assumpto Iaconelli, especialista em Reprodução Humana e diretor do Fertility - Centro de Fertilização Assistida, em São Paulo.
De acordo com o médico, desde a primeira consulta, o casal experimenta momentos de tensão que envolvem o amplo entendimento do caso, o conhecimento das opções disponíveis, a realização dos exames e outros procedimentos. Tudo isso tem um custo emocional e financeiro. "Desde antes do diagnóstico até o tratamento, a ansiedade está sempre presente na vida do casal. Ao contrário da gestação normal, em que pai e mãe apenas estão juntos durante a realização do ultrassom, o casal em tratamento vivencia cada uma das fases intensamente. O fracasso no tratamento ou a não implantação do embrião parecem denunciar uma alta dose de estresse".
Iaconelli chama atenção para a complexidade das emoções durante o processo de reprodução humana assistida. O apoio de um psicólogo também será bastante útil para resolver problemas referentes à sexualidade. "O relacionamento sexual do casal que está disposto a buscar uma solução para o diagnóstico de infertilidade normalmente é permeado por tensões, fantasias e inseguranças. O contato sexual, seja por medo de prejudicar o tratamento, seja porque nessa fase tudo o que se pensa é no bebê, pode se converter numa experiência dolorosa e, às vezes, acaba desencadeando um comportamento hostil ou agressivo por parte dos cônjuges. O acompanhamento psicológico, então, é bastante útil não só para garantir o equilíbrio entre o casal, como evitar que o estresse realmente ponha tudo a perder".