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"É sua culpa"

Vídeo faz sucesso ao ironizar culpa da mulher por estupro; assista

Redação Bonde
03 out 2013 às 09:23

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- Reprodução
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Lançado há uma semana, um vídeo que ironiza a culpa da mulher em casos de estupro já teve quase 2 milhões de visualizações no Youtube e viralizou nas redes sociais.

Intitulado "É sua culpa", o material foi produzido na Índia para refutar argumentos sem lógica como "o estupro foi culpa da mulher, porque vestia uma roupa sexy e estava fora de casa em horários estranhos", pensamento machista muito comum em diversos países do oriente. Irônico do início ao fim, o vídeo procura combater o conservadorismo em alguns setores no país.

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Em um espaço branco e vazio, acompanhado por música típica de televendas, a gravação de três minutos mostra duas indianas que, sorridentes, explicam, sem dramas, que tipo de atitude feminina provocam para que os homens as estuprem.

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"Sejamos sinceras, meninas, os estupros são culpa nossa. Estudos científicos sugerem que as mulheres que usam saia são a principal causa de estupro. Sabe por quê? Porque homens têm olhos", afirma a atriz Kalki Koechlin no início do anúncio.

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Segundo informações da Agência Efe, a iniciativa é de um grupo de humoristas de Mumbai chamado "All India Bakchod" (Os charlatões da Índia), que resolveu produzir o material para atingir um público muito maior e assim chamar a atenção sobre os "estúpidos e odiáveis comentários" que alguns pessoas fizeram após o bárbaro estupro coletivo de uma estudante dentro de um ônibus em Nova Déli, em dezembro do ano passado.


Assista o vídeo legendado:

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Um popular guru indiano, Asaram Bapu, chegou a dizer, por exemplo, que a vítima também teve culpa, embora em menor medida que os agressores, já que em vez de resistir "devia ter rezado para Deus e pedido aos estupradores, chamando-os de ‘Bhaya’ (irmão), que a deixassem em paz".


Em repúdio ao comentário do guru, o vídeo mostra uma das atrizes sendo atacada por vários homens e como consegue se livrar do estupro ao conseguir pronunciar a palavra ‘Bhaya’. "Sempre funciona", afirma sorridente a jovem, que pede às mulheres "que deixem de seduzir aos homens para que as estuprem".

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A polícia também não escapou das ironias do grupo. Diante dos inúmeros casos de estupros registrados no país, a força policial tem sido acusada de incompetente e insensível, e de transformar as delegacias, como denunciou a organização Human Rights Watch, em "lugares que inspiram temor".


Repercussão e morte

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Em setembro, quatro do seis homens acusados de terem participado do estupro coletivo da jovem indiana em Nova Déli, foram condenados à morte pela justiça. Os homens, que têm entre 19 e 29 anos, foram considerados culpados de todas as acusações que recaíam sobre eles.


A Índia raramente adota a pena capital, mas a repercussão internacional desse caso pressionou a justiça indiana. Um dos culpados caiu no choro ao ouvir o veredicto, enquanto dentro e fora do tribunal as pessoas aplaudiam a sentença.

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O estupro brutal da estudante de fisioterapia de 22 anos chocou a população indiana e provocou uma série de manifestações gigantescas no país. Sob pressão da opinião pública, as autoridades indianas adotaram leis mais duras contra a delinquência sexual. A pena capital foi incluída na legislação, em caso de morte da vítima ou de ferimento grave.


Um adolescente envolvido no crime, que tinha 17 anos na época, foi condenado em agosto a três anos de prisão, a pena máxima de acordo com as leis para menores no país. Um quinto adulto envolvido no crime cometeu suicídio na prisão.

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Impunidade


A Índia registrou cerca de 25 mil casos de estupro em 2012 (um a cada 20 minutos). A impunidade é evidente: três de cada quatro estupradores saem livres. Só em Nova Deli foram mais de mil casos até meados de agosto deste ano, contra 433 do mesmo período do ano passado.No empobrecido Estado de Jharkhand (leste do país), mais de 800 casos foram registrados nos últimos sete meses. No mesmo período de 2012, foram 460.

Estima-se que estes números possam ser ainda maiores, pois muitas famílias não registram queixa na polícia, já que é comum haver situações que ocorrem dentro das próprias famílias. Pais que violentam suas próprias filhas, sogros às noras, cunhados às cunhadas etc. Esses são os casos mais abafados na sociedade. As autoridades afirmam que uma em cada cinco vítimas é criança e que 95% das vítimas conhecem os estupradores, e muitas, quando vão à polícia denunciar a violência, são estupradas pelos próprios policiais. (Com informações da Agência Efe, BBC e Junta de Missões Mundiais)


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