Descoberta por acaso e lançada no mercado farmacêutico há 55 anos, a primeira pílula anticoncepcional, chamada Enovid-R, causou uma grande mudança nos padrões de comportamento de mulheres e homens, além de ser um marco importante para o sucesso da revolução sexual feminina.
Método contraceptivo mais utilizado pelas mulheres, a pílula anticoncepcional tem taxa de eficácia em torno de 99% e, além de impedir a gravidez, também é benéfica em outras situações, amenizando a dismenorreia (cólica menstrual), menorragia (excesso de menstruação), TPM (tensão pré-menstrual), cistos no ovário, entre outros sintomas.
Apesar de ser uma droga segura e em uso há muitas décadas, existem contraindicações e possíveis efeitos colaterais relacionados ao uso do anticoncepcional quando feito sem orientação médica. Para Luiz Fernando Leite, médico ginecologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, é fundamental consultar um especialista para descartar qualquer risco frente ao uso de anticoncepcionais. "Antes de começar o tratamento com pílulas, visitar um médico é importantíssimo, independente da idade da paciente. Talvez seja necessário realizar exames laboratoriais devido às contraindicações relativas ao uso de contraceptivos, sejam eles orais, injetáveis, adesivo ou até anéis vaginais. Ideia de prevenção, não fazer a automedicação", destaca.
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Para muitas mulheres, a pílula anticoncepcional foi o melhor medicamento já inventado. Para outras, no entanto, há reações do organismo e efeitos colaterais. Sendo assim, o médico ressalta que a escolha do remédio deve ser muito pessoal, levando em conta hábitos e histórico de saúde. "Assim como todo medicamento, o histórico de saúde é fundamental na indicação médica para o contraceptivo. Caso a paciente inicie o uso de pílula sem orientação, tomando a mesma que uma colega, por exemplo, ela corre riscos de sofrer efeitos colaterais e até de engravidar".
As pílulas anticoncepcionais podem conter na sua composição estrogênio e progesterona juntos - que são as chamadas pílulas combinadas - ou apenas progesterona. "A mulher deve escolher o contraceptivo junto com o ginecologista, pois somente ele pode indicar uma pílula que tenha menos efeitos colaterais, com menor taxa de hormônios", explica Luiz Fernando.
O médico alerta que em algumas pacientes o medicamento pode provocar reações como enjoo, vômito, dor de cabeça, tontura, cansaço, ganho de peso, acne, cloasma (mancha escura na face), mudança de humor, diminuição da libido ou varizes, e até alterações mais graves como trombose e tromboembolia pulmonar.
Também é comum que, ao iniciar o uso da pílula anticoncepcional, algumas mulheres tenham um sangramento de escape (mais comum durante a primeira cartela do remédio). As pílulas com doses baixas de estrogênio tendem a causar esse sangramento com mais frequência, porém têm efeitos colaterais menores que as pílulas de alta dose (progesterona). Mas o sangramento tende a diminuir e desaparecer com o tempo.
Outra grande preocupação das mulheres é o ganho de peso. "Em alguns casos ela pode ser responsável pelo aumento do peso por causa do estrogênio presente na maioria dos anticoncepcionais que pode desencadear aumento de apetite. E a progesterona pode induzir a retenção de líquido, deixando a mulher mais inchada", explica o especialista.
Para evitar esses tipos de complicações é importante escolher a pílula certa. "As pílulas anticoncepcionais também podem ser contraindicadas e perderem a ação ou ter sua eficácia diminuída quando consumidas junto com outros medicamentos, como alguns antibióticos, anti-inflamatórios e anticonvulsionantes".
Não são todas as mulheres que podem optar por esse método. Quem tem histórico prévio de câncer de mama, trombose venosa profunda, hipertensão arterial não controlada ou com doença vascular, doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral (derrame), diabetes descontrolado, por exemplo, tem o uso da pílula contraindicado. Já mulheres que fumam e têm mais de 40 anos, jamais devem tomar o medicamento sem consultar um especialista.