Estudos realizados no Japão, Reino Unido e Rússia, entre outros países constatam que o auto-exame para a prevenção do câncer de mama não trouxe resultados significantes na redução da doença. O fato foi atestado também pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que acredita que o auto-exame é importante, mas não a ponto de ser considerado uma ação de saúde pública.
O cenário da doença continua preocupante, já que a taxa de mortalidade entre as mulheres não para de subir. Levantamentos recentes do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington (EUA), nos últimos 30 anos apontam que esse tipo de câncer saltou de 641 mil para 1,6 milhão em 2010.
No Brasil, a história teve o mesmo desfecho. Apesar dos massivos investimentos em campanhas de conscientização desde a década de 90, a dificuldade da população em saber identificar um nódulo e a sua gravidade foi um dos grandes problemas enfrentados no período. Além disso, o tumor tem mais chances de ser curado, em 95% dos casos, quando é menor que um centímetro e, infelizmente, o auto-exame não consegue detectar nesta fase.
Diante do panorama, o oncologista do hospital Albert Einstein, Ricardo Caponero, afirma: "O rastreamento mais viável para reverter esse quadro é a mamografia". O médico também aponta um estudo que, para cada milímetro que o tumor progride, a chance de estar vivo daqui a cinco anos diminui 1%.
Segundo as estatísticas oficiais, no Brasil são cerca de 49 mil novos casos da doença por ano. É o segundo câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Já o de ovário, que também contribui para o aumento da mortalidade, está estimado em 3 a 5 mil novos casos por ano.
Para o especialista, os números referentes ao Brasil são subestimados. "Na realidade, temos muito mais ocorrências de câncer de mama e de ovário que os mostrados nos dados oficiais porque os registros levam em conta apenas alguns hospitais. Além disso, o acesso aos exames ainda é precário, em muitas regiões." E conclui: "a mamografia deve ser o foco de campanhas, atualmente o exame abrange 50% da população feminina, mas está longe do ideal, é muito pouco para diminuir a mortalidade".
Ainda que a detecção precoce seja uma das principais armas para reverter esse quadro, o oncologista mostra que os recursos estão cada vez maiores. "É sempre bom ressaltar que a medicina avança a passos largos e dispõe de uma série de medicamentos para salvar vidas e garantir maior conforto à paciente mesmo nos casos avançados do câncer de mama e ovário. Uma das opções, dentre outras tantas, é a doxorrubicina lipossomal peguilada, mais conhecida como DLP, que além dos eficazes resultados provoca diminuição dos temíveis efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e queda de cabelo", finaliza.